A literatura russa é a mais rica que existe. Tanto pela profundidade de seus temas como pela exploração dos personagens. Tolstói e Dostoiéviski são seus maiores representantes, criadores de obras monumentais como Guerra e paz e Os Irmãos Karamazov, respectivamente. Mas ainda assim é impossível fugir de Gogól e Turguêniev.
Os russos me chegaram tarde, mas em tempo e a tempo de me salvar. Meus primeiros contos só saíram satisfatórios depois que me caiu nas mãos Uma Nota Falsa, de Tolstói, quase por acidente. As circunstâncias pouco importam, mas é certo que aquele pequeno texto despertou em mim o lado humano da literatura, algo que pode parecer estranho à primeira vista, porém faz todo o sentido. 
A empreitada maior ainda estava para ser lançada: Os Irmãos Karamazov. A edição era bonita, com gravuras de Ulysses Bôscolo e tradução de Paulo Bezerra – uma sumidade (assim como Rubens Figueiredo, Paulo Ronái e Boris Schnaiderman) em verter ao português os textos em escrita cirílica. Os dois volumes foram lidos em um mês, mas digeridos pouco a pouco ao longo do anos.
Quem somos nós entre os russos? É triste ver as notícias do impasse entre a Rússia e a Ucrânia e pensar na magnitude da cultura das duas nações. Isso dá a certeza de que não existe beleza que sobreviva à guerra e ao ódio. 

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