A notícia de que o jornal “Nicolau”, criado pelo jornalista e escritor Wilson Bueno (1949 – 2010), terá suas edições relançadas pela Imprensa Oficial perece mentira. Publicado de 1987 a 1994, o jornal foi o maior porta-voz do jornalismo cultural e literário no Paraná, seguindo os passos da revista “Joaquim”, editada entre 1944 e 1946, por Dalton Trevisan.
Com uma tiragem – que no auge – chegou a 150 mil cópias, “Nicolau” fez escola: basta ver os jornais “RelevO”, criado e coordenado por Daniel Zanella, e o “Rascunho”, fruto da imaginação do jornalista Rogério Pereira. Os “filhos do Nicolau” são até mais livres que ele – já que não estão atrelados a nenhum grande grupo ou instituição pública -, mas carregam no seu DNA o aprendizado deixado por Bueno, que considerava a sua criação como o “último bastião romântico do jornalismo brasileiro”.
Longe da pretensão de ser cosmopolita, “Nicolau” cantava as belezas da Serra do Mar e da Ilha do Mel, sem deixar de lado os pedregulhos de concreto da metrópole em que se transformava Curitiba. Por isso, dentre as suas “crias”, provavelmente, o que mais se aproxima desse conceito é o “RelevO”, que, apesar do seu cunho extremamente literário, funciona como uma crônica do mundo urbano e suas cercanias.
Por mais que ainda demore para chegar às nossas mãos – a previsão é que o (re)lançamento/(re)edição esteja disponível em março -, a possibilidade de reler textos de gente como Milton Hatoum, Roberto Ribas Lage, Dalton Trevisan, Paulo Leminski (1944 – 1989) e Josely Vianna Baptista beira o onírico. Não sei se todos compreendem o valor histórico e a importância desse jornal para o Paraná, principalmente, Curitiba, em termos de cultura, mas eu fico feliz pelo presente que nos é dado.