“O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde, é um dos livros mais polêmicos de todos os tempos

O processo instaurado contra o escritor Oscar Wilde (1854 – 1900), em 1895 – por conta de seus casos homossexuais -, teve uma prova inusitada: o único romance concebido pelo irlandês, O Retrato de Dorian Gray. Muitos anos antes de “Gray” ser sinônimo do falso erotismo de Cinquenta tons de cinza, Wilde havia criado um dos romances mais controversos de toda a história.

Dorian Gray é um homem de beleza fora do comum e, sob a tutela (i)moral de Lorde Henry, começa a se aproveitar dos atributos naturais. Apesar de não deixar claro, Wilde insinua que Dorian se relaciona como homens e mulheres. Existe um quê de biográfico: Wilde, que era casado com um Costance Lloyd (1884 – 1898), é iniciado sexualmente por Robert Ross (1869 – 1918), amigo e confidente que lhe permanece fiel até o fim da vida.

Voltando ao livro, Dorian Gray faz um pedido – que muitos interpretam como um pacto diabólico – para nunca mais envelhecer. Em contrapartida, seu retrato, pintado por um amigo de Lorde Henry, envelhece em seu lugar. Quanto mais imoral o senhor Gray se torna, mais deformidades a pintura ganha. Aos poucos, Wilde cria uma figura perversa, capaz apenas de satisfazes seus desejos.

O processo

Wilde manteve durante muitos anos um caso com o Lorde Alfred Douglas, a quem chamava carinhosamente de Bosie. Quando o Marquês de Queensberry, pai do rapaz, descobriu, enviou ao escritor – que estava em seu auge, com peças nos teatros mais importantes da época – um cartão com a frase: “A Oscar Wilde, conhecido sodomita”. O dândi processou o marquês e acabou recebendo como troco uma reversão de causa.

O Retrato de Dorian Gray foi material importante para que seu autor fosse condenado a dois anos de trabalhos forçados – o que para Wilde significaria o fim de sua vida. Em decadência, física, financeira e psicológica, o escritor se exilou em Paris. Bosie já o havia abandonado e Robert Ross ajudou a cuidar do amigo.

Após o processo, a família de Wilde se mudou para os Estados Unidos e mudou o sobrenome para Holland. Cyril, filho mais velho de Wilde, morreu na Primeira Guerra Mundial. Merlin, filho de Vyvyan, caçula do intelectual, dedicaria sua vida à memória do avô.

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