No último dia 04 completaram-se os 100 anos de nascimento de Marguerite Duras, uma das mais importantes escritoras do século XX. Segundo a tradutora Denise Bottmann – em seu blog Não gosto de plágio -, no Brasil já foram publicados 28 livros, sendo que o de maior destaque é “O Amante”, publicado originalmente em 1984, mas que ganhou a primeira edição brasileira no ano seguinte pela Nova Fronteira, com tradução de Aulyde Soares Rodrigues e, posteriormente, em 2007, a própria Denise traduziu a obra para a Cosac Naify.

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Marguerite, que morreu em 1996, teve uma carreira profícua, tanto na na literatura quanto no cinema. E, em se tratando da sétima arte, ela teve importante participação, ainda que pontual, no movimento da nouvelle vague, sendo a responsável pelo roteiro do belíssimo longa “Hiroshima, mon amour”, de Alain Resnais, morto no começo de março. Mas nem só de roteiros viveu Dura, ela tinha em seu currículo nada menos que 19 filmes como diretora, entre eles “Les enfantes” (“As Crianças”, em uma tradução livre), de 1984, que recebeu menção honrosa do Festival Internacional de Berlin.

Suas periécias pelo cinema, não obstante, numerosas, ainda não receberam a verdadeira atenção do público e da crítica, mas nunca é tarde.

Amor e ódio

O escritor catalão Enrique Vila-Matas, autor de “Suicídios exemplares” e “Paris não tem fim”, disse, em  um ensaio para a Folha de S. Paulo, que a escrita de Duras produz no leitor o mesmo assombro que a obra de Kafka, restando a quem a lê somente duas opções: amá-la incondicionalmente ou ou odiá-la com o mesmo fervor.

Vila-Matas, que no início de sua carreira foi à capital francesa e por lá alugou um apartamento, o mesmo em que Marguerite Duras morou. A fascinação do escritor pela sua heroína é tamanha que pode ser facilmente encontrada nas páginas de toda a sua produção literária – e que não é pequena – principalmente em “Paris não tem fim”, livro que conta, em certo modo, a história de uma rua e sua tradição literária.

Conhecer Duras é tão importante quanto ler Gertrude Stein e Virgínia Woolf – obviamente, cada uma a seu modo, teve a sua importância no momento literário em que estava inserida – ainda mais pela sua pluralidade de linguagens (cinema, literatura e teatro) e pela criação de um universo próprio.

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