Não dá para acreditar como tem gente que torce para que livro – físico, aquele com páginas, cheiro e traças – desapareça. E tabmém não é de hoje que tem gente cantando a marcha fúnebre para o formato. Os asseclas do novo tempo, aquelas pessoas que louvam o tal do livro digital, têm se tornado cada vez mais comedidos com o andar da carruagem do formato. Pelo menos no Brasil, ainda não pegou.

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Sei de todos os argumentos que rodam por aí à caça de mais fieis, mas nenhum deles me interessa, já que a maioria mata aquilo que o livro desperta de melhor: a imaginação. Quando o iPad saiu em 2010 as trombetas do apocalipse soavam – tocadas pelos ministros do inimigo. Para muitos, o livro estava morto. Mas não estava e nem está. E ainda se engana quem pensa que estará – tanto a médio quanto a longo prazo.

Não sou contra o livro digital, mas acho que ter tudo na palma da mão também não tem a mesma graça que a experiência de ter um livro em mãos, sentir seu cheiro, a aspereza da página e poder perder – muitas vezes de forma de,liberada – a página marcada. A discussão a respeito do assunto é tão grande que os escritores Umberto Eco e Jean-Claude Carrière lançaram no mesmo ano um livro chamado Não contem com o fim dos livros, em que ambos elencam os motivos pelos as brochuras não devem acabar.

O que parecia uma revolução radical se mostrou uma pequena gota no oceano. No Brasil ainda é difícil encontrar adeptos ferrenhos do formato eletrônicos. O único argumento em que posso concordar é que, realmente, o livro digital ocupa menos prateleiras. Só.

A literatura nunca foi um arte que precisa de aparatos de apoio, nunca. A literatura é, por si só, uma arte autônoma que pode se complementar com outras formas de arte, mas nunca deve precisar delas para se assegurar. Se assim for, algo deve estar errado. 

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