Fantasmas de Wilde

Faz 113 anos que Oscar Wilde morreu. Dramaturgo, escritor e polemista irlandês – um dândi completo – ele escandalizou o mundo com suas roupas extravagantes e seus textos mordazes. Por causa deles foi condenado a trabalhos forçados, após ‘atentar aos bons costumes’ e manter uma ‘relação estreita’ com o Lorde Aldred Douglas, filho do Marquês de Queensberry.

Wilde, que nunca soube dizer não aos prazeres da vida, vivia aquilo que escrevia e escrevia o que vivia, recheando seus textos com sua visão do mundo, mundo que, por sinal, ele não cansava de chamar de lar. Uma viagem aos Estados Unidos, em 1882, consagrou a sua ‘excentricidade’. O girassol na lapela se transformou em sua marca registrada: não demorou para que os estudantes que assistiram às suas conferências colocassem a flor em seu paletó.

Com o escândalo de sua relação com o pequeno lorde, sua família abandonou a Inglaterra e partiu para os Estados Unidos, deixando de lado o sobrenome Wilde e adotando Holland – uma forma de fugir do espectro pecaminoso que envolvia o escritor. A partida da família foi um dos golpes mais dolorosos ao dândi, que tinha nos filhos Cyril e Vyvyan o refúgio para angústias da vida. Depois que Constance e as crianças saíram do país, Oscar nunca mais os viu.

Atualmente, a memória de Wilde é protegida de Merlein Holland, seu único neto, filho de Vyvyan, que dedicou mais de três décadas à pesquisa da obra do avô, resgatando cartas e manuscritos. Holland é uma figura controversa, gerando a antipatia de muitos fãs de seu avô – o pivô da desavença foram as barreiras que impedem os admiradores de Wilde de se aproximarem do túmulo do escritor, totalmente coberto por marcas de batom.

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