Estamos em apuros

A coisa está ficando feia. Depois de a Penguin comprar a (metade da) Companhia das Letras e todo o Grupo Santilana, dono da Objetiva e seus diversos selos, agora é a vez de a Sextante adquirir 50% da gaúcha L&PM, editora conhecida Brasil afora pelos seus livros de bolso. Essa fusão comprova o que disse Eduardo Lacerda, co-fundador da Editora Patuá: se as editoras vendessem parte de seu estoque para o governo, muitas já teriam fechado as portas.

Com uma coleção com mais de 1,5 mil títulos de bolso, a L&PM é destaque no Brasil por conseguir publicar textos clássicos e contemporâneos a um preço acessível. De acordo com Ivan Pinheiro Machado, editor e fundador da casa gaúcha, a ideia é dar maior poder de concorrência à editora, que tem se visto em apuros depois que todos os publishers passaram a contar com uma coleção de bolso.

Assim como disse a respeito da Penguin e seus tentáculos brasileiros, cada vez mais, o leitor está à mercê dos grupos que pulverizam a literatura de qualidade, colocando à venda somente aquilo que pode entrar em qualquer lista de Top 10. Não são poucas as histórias de escritores que perderam seus contatos com as editoras por não se enquadrarem em um padrão triste e comercial.

Na semana passada, falei sobre a necessidade de uma literatura combativa, que coloque em xeque as verdades do mundo editorial. Agora, falo em modos combativos, que permitam aos escritores de talento sobreviverem às torrentes de obras pueris e falaciosas.