De gatofóbica a gatófila. O medo da artista plástica de origem chinesa Kwong Kuen Shan só terminou quando ela própria se viu às voltas com um bichano dentro do seu apartamento. O amor pelos felinos, conquistado aos pouquinhos, foi a base para que Shan criase O Gato filósofo (Estação Liberdade, 96 págs., R$ 25).

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À primeira vista, Shan construiu um livro infantil, repleto de pinturas concebidas pela artista enquanto observava os seus gatos (Healy e Joseph), mas essa é só a primeira impressão. Assim como O Pequeno príncipe, obra máxima de Saint-Exupéry, O Gato filósofo permite diversos níveis de interpretação e aí, obviamente, está o olhar das crianças. Mas o livro vai além e se desdobra em um manual de graça e delicadeza da vida.

Cada uma das 40 “aquarelas felinas” é acompanhada por provérbios, máximas ou fragmentos que compõem um painel artístico incomum: a combinação entre a tradição e o contemporâneo. As frases são como o ronronar dos gatos e permitem ao leitor entrar nesse mundo tão próprio e restrito.

Donos de si

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A criança que lê – ou que escuta os pais lerem – o livro talvez entenda o verdadeiro sentido da vida e, assim como os amigos felinos, “que não devem nada a ninguém”, nas palavras da autora, passem a ser donos de si mesmos. É como, se sem pronunciar uma única palavra, os gatos dissessem um milhão de coisas.

Como arremate final, a tradução da obra ficou a cargo da curitibana Denise Bottmann. 

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