Crítica: “Joseph Fouché”, de Stefan Zweig

As manobras de Joseph Fouché (1759 – 1820) para chegar ao poder durante os períodos mais conturbados da história francesa espantam qualquer criatura inocente. Se movimentando na vida política como quem mexe peças de xadrez, Fouché recebeu o singelo apelido de Machiavel moderno e foi considerado por Balzac como um dos personagens mais interessantes que já pisou na Terra.

Inspirado pelo pensamento do escritor francês, Stefan Zweig (1881 – 1942) escreveu uma biografia fascinante e intrigante. Joseph Fouché: Retrato de um homem político (Zahar, 232 págs., R$ 49,90) confirma as lendas de traições e manipulações de um sujeito que enfrentou cara a cara Napoleão Bonaparte e os nomes mais imponentes de seu tempo.

Nascido uma família humilde, Fouché iniciou, durante a juventude, a carreira religiosa – interrompida pela ambição e a possibilidade de ascender via militarismo. Para Zweig, o interesse de seu personagem por Deus foi momentâneo e repleto de segundas intenções. Com a ajuda de superiores católicos, Fouché pode lecionar cidades importantes e surgir aos olhos de gente influente na política.

Passos em falso

A derrocada começou após figuras importantes – como Desmoulins, Marat, Danton e Robespierre – caírem graças ao seu próprio empenho. Robespierre, por sinal, havia lhe emprestado dinheiro para que pudesse ir a Paris. Pouco a pouco Fouché foi sendo demolido pela sua própria ganância. Zweig explora a fundos os detalhes mais preciosos de uma vida controversa.

De regicida a assassino em massa, Fouché foi uma pessoal essencial na construção da França e na sua história. Stefan Zweig é um biógrafo – tanto de si mesmo como dos outros – como poucos e soube escolher com exatidão sobre quem escrever. O texto é firme e está à altura de um homem como Fouché – que apesar de todas as atrocidades – merece destaque como protagonista e articulador ardiloso. 

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