Festejado como cineasta, a obra em prosa e poesia do italiano Pier Paolo Pasolini (1922 – 1975) ainda é obscurecida no Brasil. Os romances Meninos da vida (1952), Teorema (1968) e A Hora depois do sonho (1962)foram publicados pelo Círculo do Livro e estão há tempos esgotados. Se falar na sua obra poética o cenário não é menos desesperador.
O lançamento de Poesia de Pier Paolo Pasolini pela Cosac Naify, com organização e tradução de Maurício Santana Dias, reaviva o trabalho de um dos maiores nomes da cultura italiana. Pasolini foi um sujeito controverso: declaradamente homossexual e comunista, o artista colecionou desavenças com artigos contra o consumismo, a religião, os valores burgueses e a repressão política em seu país.
A edição é bilíngue e inédita. Muitos dos poemas podem ser considerados “experimentalistas” e foram escritos em um dialeto italiano, revelando o caráter confessional e a extrema sensibilidade do autor em seu processo de escrita.
Além disso, Pasolini é ainda uma figura influente, inspirando o cineasta austríaco Michael Haneke em seu polêmico Violência gratuita (1997-2007), o cantor inglês Morrissey na música “You have killed me”, as músicas “Teorema” e “La Nuova gioventú” da Legião Urbana e o cineasta Abel Ferrara, responsável por sua cinebiografia.