O tradutor e professor curitibano Caetano Waldrigues Galindo está entre os vencedores do 59° Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), com a tradução de Graça infinita, do escritor norte-americano David Foster Wallace (1962 – 2008). Essa é a segunda vez que Galindo recebe o prêmio: em 2012, na mesma categoria, ele foi escolhido pela sua versão para o português brasileiro de Ulysses, de James Joyce (1982 – 1941).

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A tradução, que levou um ano para ficar pronta, é uma das cinco que existem no mundo – as outras são edições estão em espanhol, alemão, português de Portugal e italiano –, o que faz com que o trabalho de Galindo fosse comentado nos Estados Unidos e na Europa. Para o tradutor, apesar do atraso de 20 anos, esse é o momento exato para que o livro de Wallace chegue ao Brasil.

“Acho que o mercado brasileiro estar disposto a encarar Graça infinita já é um sinal de que deve haver leitores pra isso. E a repercussão que eu sempre senti, nos meus textos na internet, por exemplo, parece me mostrar que não só há leitores prontos como havia leitores ávidos”, comentou.

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David Foster Wallace.

Desafio

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Se o livro, um calhamaço de 1144 páginas, é um desafio e tanto para o leitor, para quem o traduz a experiência não é muito diferente. Mas, no caso de Galindo, ser testado pela obra faz parte do processo de trabalho.

“Eu gosto da dificuldade. É que nem palavra cruzada. Você sempre quer fazer aquele problema que está um ponto acima do teu nível de trabalho. Fácil demais não tem graça, não gera esforço, não alimenta”, disse Caetano, que também já se aventurou em mares como o de Thomas Pynchon, Beckett (1906 – 1989), Darwin (1809 – 1882), Tom Stoppard e Lou Reed (1942 – 2013).

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Mas entre todos os embustes tradutórios e literários, talvez, nenhum se comparece ao projeto de terminar de verter a obra de Joyce para português. No ano que vem, deve sair Dublinenses, que teve seu último conto, “Os Mortos”, publicado em uma edição avulsa pela Companhia das Letras em 2013. Para 2016 o romance Um Retrato do artista quando jovem, uma espécie de pré-Ulysses, também já está programado. E, claro, por último – e sem data –, o monumental Finnegans Wake.

Depois de toda a aventura joyceana, ele pretende se dedica às obras do escritor cômico inglês P.G. Wodehouse (1881 – 1975) e, quem sabe, Shakespeare (1564 – 1616).

Piada sem fim

Publicado em 1996 nos Estados Unidos, Graça infinita é uma das publicações mais esperadas no Brasil. O livro, considerado um dos últimos grandes romances do século XX, mistura elementos cômicos, pop e eruditos para narrar a saga de uma família após o suicídio do pai, um cineasta que criou um filme dá nome ao livro de Wallace.

Para o próximo ano, a Companhia das Letras deve lançar, também sob a batuta tradutória de Galindo, The Pale king, romance inacabado de Wallace, lançado originalmente em 2011. 

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Galindo pretende traduzir toda a obra do irlandês James Joyce.