Que tal aproveitar a folia de Carnaval para colocar a leitura em dia? A Contracapa selecionou 10 livros (curtos) para ler durante o feriado e fugir da Avenida.

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A MetamorfoseFranz Kafka

A transformação de Gregor Samsa em um inseto – que não é necessariamente uma barata – coloca em xeque os valores da família burguesa do rapaz. Ao longo da novela, o personagem deixa suas necessidades humanas e passa a se comportar com um novo ser. A metáfora criada por Kafka é tão profunda que ainda hoje intriga leitores.

Bonsai – Alejandro Zambra

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O escritor chileno cria uma pequena fábula poética e romântica sobre a relação entre Júlio e Emília. Mas essa não é uma história de amor e sim uma história sobre o amor. “No final ela morre e ele fica sozinho”. Essa é a primeira frase do romance e dá o tom de todo o livro, um dos melhores lançamentos de 2012.

Bartleby, o escrivão – Herman Melville

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Conhecido mundo a fora por Moby Dick, Melville criou uma pequena obra-prima páginas desta novela. Bartley um dia aparece em um escritório e passa a trabalhar no local, mas não demora em mostrar uma insólita inclinação ao parasitismo. “Acho melhor não”, responde a cada ordem que recebe. Borges elegeu o texto como um dos mais importantes da literatura.

Retrato do Amor Quando Verão Outono e Inverno – Fernando Koproski

Parte da trilogia “Um poeta deve morrer”, o livro é uma coleção belíssima de poemas sobre o amor e as experiências cotidianas. Koproski, que também é responsável por traduzir Cohen e Bukowiski, consegue criar um ambiente lírico intimista, capaz de produzir uma importante reflexão sobre o papel do amor em nossas vidas.

Carta a D. – André Gorz

O livro, que realmente é uma carta endereçada a Dorine, é a pungente história de um casal já idoso que vê a vida se deteriorar com a doença terminal de um deles. Gorz é sábio ao emocionar o leitor com os momentos em que percebe que a doença da mulher irá matá-la. A solução encontrada pelos dois foi o suicídio.

Diante do abismo – Benedito Costa

As três histórias do livro são independentes, mas se cruzam por colocar cada um dos personagens em uma situação labiríntica. Costa, profundo conhecedor da literatura oriental e ocidental, cria uma teia de referências populares e eruditas capaz de colocar o leitor em dúvida sobre o limite entre a realidade e o onírico.

Jardim de cimento Ian McEwan

A pequena narrativa do escritor inglês é uma verdadeira ode ao bizarro e macabro. A história de três irmãos que em pouco tempo se tornam órfãs e precisam lidar com a perda e a própria sobrevivência ganha toques de estranheza. O que pode parecer ingênuo é na realidade fruto da natureza humana.

O Cheiro do ralo – Loureço Mutarelli

Escrito durante um feriado de Carnaval, O Cheiro do ralo é um dos melhores exemplos do fluxo de consciência na narrativa brasileira e a prova de que ele não é uma ferramenta exclusivamente complexa e joyciana. A história é insólita e envolve um comerciante que tem sua vida modificada após o cheiro – fedor – que vem do ralo de seu banheiro.

O Ano de 1933José Saramago

A obra é uma das mais ousadas do escritor português, morto em 2010. Conhecido por sua narrativa densa, Saramago abandona o estilo que o consagrou e cria uma prosa repleta de elipses, reflexões e digressões. A novela apocalíptica dialoga com, Ensaio sobre a cegueira, mas possuiu um tom mais selvagem e violento: as cidades estão destruídas e bandos de ‘humanos’ precisam encontrar abrigo e comida.

Os Piores dias da minha vida foram todos – Evandro Affonso Ferreira

Uma mulher à beira da morta revê seu passado e o conta para uma ouvinte pouco casual: Antígona. A história criada por Ferreira é ousada ao usar o devaneio como principal fluxo narrativo, mas o raciocino da personagem – que não tem nome – se permite falhar e o devaneio é uma peça comum no romance.