Pode beijar meu bem. Beija, mas diga adeus!

Se você quer beijar alguém tudo bem. Mas saiba que toda vez que você beija alguém, está correndo um grande risco. Risco de matar. Ou de morrer. Porque o beijo é como um duelo. Pode ser emocionante, mas alguém pode sair muito ferido. Ou morto. E é muito estranho fazer este alerta porque este é um ensinamento antigo. “Os beijos matam”, já diria Judas Iscariotis. “E eu sei disso”, confirmaria Jesus Cristo. E olha que aquele foi um beijo na face, beijo simbólico, de um traíra num homem bom, não foi como este beijo na boca no final da novela da Rede Globo, em que os dois sujeitos saíram faceiros e ainda contaram vantagem de que fizeram história. Lorota.

Os beijos mais letais não são os beijos simbólicos como o de Judas e também como o dos caras da Máfia que beijam alguém para o sujeito saber que não vai ser beijado por mais ninguém, além dos vermes do cemitério – ou pelas labaredas do forno crematório. O beijo romântico, no clímax da paixão, na boquinha, este pode matar, meu bem. Aquele beijo que espero há algum tempo da atriz australiana Margot Robbie. Ou da atriz australiana Yvonne Strahovski. Ou da atriz australiana Melissa George. Eu ando numa fase muito australiana. Poderia citar mais três, mas vou parar por aqui. O certo é que seria gostoso, mas ao mesmo tempo perigoso. Fazer o quê? Viver é correr riscos.

É exatamente este beijo que você dá em sua namorada, noiva ou mulher, como fosse Humphrey Bogart, depois do qual ela diz, num suspiro: “I love you”. Este beijo é mais perigoso que lacraia. Principalmente se você além de sua gata beija outros brotos nas baladas por aí. Eu não sou especialista no assunto. Quem me garante é Dr. Aonio Genicolo Vieira, especialista em beijos e assuntos correlatos. Genicolo diz que “beijar é muito bom e gostoso desde que sem promiscuidade, para que você não corra o risco de se contaminar”. E sabe por quê: “Em apenas um mililitro de saliva saltitam 150 milhões de bactérias, muitas delas causadoras de doenças”.

Gostou desta, malandro? Sabe o que é enfrentar um exército de 150 milhões de bactérias? Nem os 300 de Esparta encaram. E tem mais: a cárie e a piorréia (doença de boca que tem o nome que merece) tem como causas bactérias presentes na saliva e podem ser transmitidas pelo beijo. Apenas um grama de placa bacteriana abriga 100 bilhões de micróbios. Só em termos comparativos: a Terra tem 6 bilhões de humanos e o planeta já está ficando nervoso. A boca é o bicho: pesquisa recente mostrou que 90 por cento dos brasileiros sofrem em algum grau de doença periodontal. Portanto, você que é beijada ou beijado corre risco de contaminação em 90 por cento dos casos. É uma simples equação estatística.

Ficou apavorado? Vai ficar mais ainda. Você pode pegar herpes labial no beijo. Esta infecção que se dá através do contato direto com lesões infectadas pelo vírus. E nem esquente a cabeça: não existe cura para a doença, só terapia para reduzir os efeitos. O HPV é um vírus que pode afetar a mucosa bucal, provocando lesões que parecem uma verruga esbranquiçada. Ficou feio, não é? Através do beijo de língua, meu bem, este beijão gostoso, você pode contrair gripe, monocleose, citomegalovírus e muitas outras doenças. Mas como é gostoso você vai em frente. Tudo bem. Mas fique sabendo que o beijo pode transmitir a Hepatite C.

A Organização Mundial da Saúde calcula que existam 170 milhões de portadores do vírus da Hepatite C no mundo. Entre esses, milhões seriam brasileiro. Pior: quase todos, beijoqueiros. Apavorante. Ainda nem falei do mau hálito, o famoso bafo de onça. Portanto, se quer beijar vá em frente. Mas já conhece os riscos. E para encerrar, um alerta do Dr. Genicolo: “Os olhos são a janela da alma e o sorriso a janela do coração”. Sacou meu bem? Eu não sei o que ele quis dizer com isto. Não entendo muito de janelas. Mas ele sabe o que fala.