O cara que deu uma rasteira na loira trambiqueira

O professor de química Leogevildo de Souza se separou da mulher e como tinha que mandar pensão para a agora ex-mulher e duas filhas, ele decidiu encerrar o ciclo reprodutivo com a vasecotomia. Vida conjugal tem vantagens, mas também desconfortos: o pior são as brigas. Leogevildo estava de saco cheio de brigas e discussões, quase sempre por bobagens. Ele queria paz. A mulher achava que o mundo estava cheio de homens melhores que ele e forçou o divórcio. Ele topou meio contrariado e ficou livre. Mas é a velha história, a carne é fraca e a natureza tem seus apelos que não podem ser ignorados. Ele não vivia sem mulher. O diacho era que as mulheres das quais ele gostava não queriam relacionamentos fugazes. E ele a fim de envolvimento zero.

Ele namorava e no primeiro bate-boca já dobrava a esquina. O namoro terminava num e-mail prático e indolor. As garotas entravam e saíam e não tinham tempo de pensar em filhos. Se tivessem, não acontecia. “Eu não posso fazer mais filhos que não posso sustentar”. Achei que ele não estava de todo errado. Filhos são uma das recomendações bíblicas – “Crescei e multiplicai-vos”, já diz o Gênesis. Leogevildo tinha carro, quitinete e não era feio. Chovia mulher no pedaço. Tudo ia bem até a loira Rosimeire aparecer na área. A loira era rápida e rasteira. O professor achou as mensagens ofensivas e parou de atender ao telefone e abrir envelopes a ele endereçados, quando não fossem contas e correspondências bancárias. Deu certo. Ele e Rosimeire tiveram sossego, interrompido cinco meses depois quando ela o encostou na parede. Ela foi dizendo: “Precisamos ter uma conversa muito séria, querido”.

Ele achou que alguma fofoqueira enfiou minhocas na cabeça da loira. Mas foi a loira que veio com conversa mole. Ela disse: “Estou grávida e quero saber como que é que a gente vai ficar”. Golpe duro. Ele respirou fundo: “Bom, neste caso, quem fez o filho tem que assumir”. Ela o olhou com ironia: “O filho é seu, moço!”. Ele disse que não era dele porque fez vasecotomia e não podia ser pai de mais ninguém. Golpe de esquerda de Mike Tyson não deixaria a loira mais grogue. Mas ela ainda tentou evitar o nocaute: “Vai ver que escapou. Como é que estou grávida?”. Ele disse: “Boa pergunta, querida! Boa pergunta”. O caso já estava terminado. Ela sabia.

Rosemeire caiu atirando: “Canalha! Por que não me avisou que fez esta operação maldita?” Ele disse com cara inocente: “Porque você não perguntou”. O caso era que Rosimeire se armou com um golpe fuleiro e manjado e se deu mal. Como Leogevildo não tinha a quem contar o drama, ele confidenciou ao professor de História, Radamés Fontenelle, que balançou os ombros e saiu com esta: “Sexo é bacana e fundamental para a reprodução da espécie, mas enlouquece as pessoas”. Leogevildo não entendeu e Radamés contou a sua história. Ele saiu com o diretor da escola. Que era casado e tinha três filhos. “Foi tudo bem, mas quando terminamos, ele pegou na minha mão e disse: agora vamos ajoelhar aos pés da cama e rezar para o Senhor”.

Radamés quis saber por que deveriam rezar. O diretor disse: “Porque pecamos e temos que pedir perdão pelo nosso pecado”. Radamés disse que só rezava na igreja e não em quarto de motel. E foi tomar banho. Enquanto isso o diretor ajoelhou aos pés da cama e rezou e pediu perdão pelo pecado que acabou de cometer. Ele chorava, era de cortar o coração como estava arrependido. Mas se era pecado, por que pecou? “Porque a carne é fraca”, filosofou Radamés. “E as loiras são perigosas”, pensou Leogevildo.