O Coritiba, antes de ir para o Alto da Glória, mandava os jogos no campo da Graciosa, no Juvevê. Este campo foi usado pelo Palestra Itália, que também treinava no campo do Bom Retiro, onde hoje fica o Supermercados Condor. Os mais antigos se lembram do campo do Bloco Esportivo Capão da Amora, na Vila Izabel, perto da Avenida Iguaçu, assim como era famoso o campo do Poty, perto da Praça 29 de Março e o do 5 de Maio que ficava na frente da atual Arena do Atlético. O primeiro campo do Britânia ficava no Portão e se chamava Fazendinha. Isto foi há tanto tempo que os velhos boleiros se confundem para apontar o local exato do campo.

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Isto sem contar que a atual Praça do Japão foi uma área cercada para o Britânia Sport Club construir o seu estádio – depois que o time deixou a Fazendinha. Como o time demorou em construir, a prefeitura requisitou o espaço e deu outro maior para o alvi-rubro, na estradinha para São José dos Pinhais – por isso alguns chamavam o estádio de Estradinha. O Britânia, então, construiu naquela lonjura o estádio Paula Soares, onde mandou seus jogos, até um dia desaparecer junto com Ferroviário e Palestra Itália, no interior do Colorado, que se fundiu com o Pinheiros, para dar origem ao Paraná que vendeu o estádio do Britânia, torrou a grana e continuou em dificuldades do mesmo jeito. Por isso o Paraná vendeu também o único estádio que o Palestra Itália teve: o Moysés Lupion, que ficava no Tarumã e foi inaugurado nos anos 60 num jogo contra o Coritiba.

O Pinheiros, cujo nome anterior era Água Verde – que antes disso se chamava Savóia e antes se chamava Água Verde – teve um estádio chamado Orestes Thá. Com a fusão com o Colorado, viu o velho estádio se transformar em sede da nova agremiação – sede que fica na Avenida Presidente Kennedy. Os velhos boleiros, hoje com idade entre 70 e 85 anos, são unânimes em afirmar que Curitiba tinha uma profusão de campos de futebol. Alguns foram torrados para encher a barriga dos clubes sem dinheiro e outros acabaram se transformando em lugares para encher a barriga da sociedade – já que nos lugares em que existiam foram construídos supermercados.

É o caso, por exemplo, do antigo estádio do Britânia, que hoje sedia o Supermercados Big e do União Juventus, que hoje abriga o Supermercados Angeloni. Sem esquecer que o campo do Palestra no Bom Retiro virou Supermercados Condor. Só os mais antigos que jogaram pelo campeonato bancário sabem a exata localização do estádio João Loprete Frega, que pertencia ao Clube Atlético Primavera, no bairro São Lourenço. As pessoas que moram nas proximidades não têm dúvidas porque ainda existe o Bar Primavera na Rua Mateus Leme que guarda fotos do tricolor que fechou as portas no final dos anos 60. Elas apontam para o restaurante Rei do Camarão e dizem: era do outro lado. O local hoje é cheio de residências. O campo do Primavera teve o primeiro e único túnel aéreo de que se tem notícia, porque os vestiários ficavam do outro lado do Rio Belém.  E por falar em estádios, não se pode esquecer o Pinheirão, que chegou a ser o maior estádio paranaense, recebeu a Seleção Brasileira e hoje é um ex-estádio. Em alguns casos, os estádios deram lugar a escolas, como foi o campo do União Ahu, em cuja área hoje se encontra o Colégio Angelo Gusso. Ou parte do campo do Operário Pilarzinho, que resiste impávido e colosso, mais impávido e menos colosso, porque parte da área foi cedida para a prefeitura construir um posto de saúde. Muitos outros campos de futebol sumiram. Mas não foi só a cidade que perdeu os seus campos de futebol onde os piás começavam a correr atrás de uma bola e alguns deles até se transformariam em craques, o futebol também perdeu grande parte de sua magia. Houve um tempo em que havia centenas de campos de futebol na cidade e nos fins de semana a coisa mais fácil era encontrar uma pelada. E, curiosamente, havia menos gente na cidade. 

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