Ah, os filmes de tubarão…
Desde que Steven Spielberg nos presenteou com Tubarão em 1975, o gênero de criaturas gigantes devoradoras de gente nunca mais foi o mesmo.
E hoje, quase 50 anos depois, parece que os cineastas ainda não conseguiram fugir de estruturas narrativas que eram originais nos anos 1970, mas que acabaram se tornando clichês dos mais batidos. Vamos falar sobre Sob as Águas do Sena, lançamento da Netflix e ver como ele se encaixa (ou tropeça) nesse legado.
Que o filme não seria grande coisa, já estava bastante evidente. Mesmo com a presença da sempre interessante Bérénice Bejo, do premiado O Artista (2011), a premissa de um tubarão gigante nadando pelo Sena e passeando por Paris soava tão absurda quanto, sei lá, piranhas voadoras assassinas. E acredite, o nível de bizarrices deste filme consegue fazer inveja até ao Jason Statham saindo no tapa com seu desafeto em Megatubarão 2.
Tudo começa com uma pequena tubarão fêmea que sofre mutações por conta do lixo jogado no mar (sim, também temos uma crítica ambiental embutida). Depois de nadar por todos os oceanos do mundo, ela resolve passar um fim de semana em Paris – porque, claro, quem não quer ver a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo, o Louvre?
E aí vêm os clichês dos quais falamos anteriormente. Tem o cachorrinho que perde o dono, os policiais incompetentes que não acreditam na cientista, a prefeita que se preocupa mais com um evento do que com o tubarão gigante no rio, e turistas que estão ali só para virar comida de peixe. Até esse ponto, o filme é apenas genérico.
Mas tudo pode piorar. Ainda que alguns conceitos sejam até interessantes, o filme não conta com uma orçamento capaz de traduzir tudo o que o roteiro exige. Os efeitos especiais são constrangedores, lembrando os gloriosos dias de Sharknado (2013) e até da morte icônica de Samuel L. Jackson em Do Fundo do Mar (1999). Com a devida dose de exagero, é um festival de tubarões digitais dignos de Playstation 2, acumulando mortes ridículas e situações absurdas, incluindo aqui um grupo de ativistas ecológicos que são devidamente estraçalhados por nossos colegas dentuços.
A conclusão ainda nos premia com uma cópia descarada de Planeta dos Macacos: A Origem (2011), mostrando a proliferação de tubarões pelo mundo em mapas com riscos vermelhos que se movimentam. Será que vamos ver Planeta dos Tubarões: O Conflito em breve?
Sob as Águas do Sena
Ano: 2024
Diretor: Xavier Gens
Com: Bérénice Bejo, Nassim Si Ahmed, Anne Marvin
Disponível na NetflixNota: 2/5