Sabe aquele filme que tem uma ideia incrível, mas na hora de colocar tudo em prática, acaba se perdendo no caminho?
Pois é, tem uns filmes por aí que, apesar de um conceito até interessante, acabam deixando a desejar em vários aspectos. Acontece que nem sempre uma boa ideia é o suficiente para criar um grande filme. Às vezes, o roteiro não empolga, a direção é confusa, ou até os efeitos especiais tentam salvar o que não tem salvação.
Vamos dar uma olhada em três desses filmes, que mostram como, mesmo com boas ideias, nem sempre o resultado final é digno de aplausos. Que tristreza.
Por coincidência, os três estão disponíveis no Prime Video. Veja por sua conta e risco.
ALICE (2024)
Isso aqui é sensacional. Mais um da série que é tão ruim que chega a ser bom!
Estamos em um futuro não muito distante no qual boa parte dos serviços é realizado por androides idênticos aos seres humanos, seja para deixar a relação mais natural como pela falta de orçamento em efeitos visuais do filme.
Após a ida da esposa para o hospital por conta de um problema no coração, um jovem engenheiro e pai de duas crianças decide ‘comprar’ uma androide babá para cuidar dos rebentos e fazer o serviço da casa.
Quem ele escolhe? A senhora Doubtfire? A Super Nanny? Claro que não, ele vai logo na Megan Fox de vestido curtinho e disposta a atender todos os desejos de seu novo dono: uma escolha absolutamente coerente para um cara que passa as noites vendo televisão em casa e cuja mulher está há 3 meses no hospital. Não precisa nem pensar duas vezes para saber que isso não vai dar certo.
No começo, Alice até que faz as coisas de forma bastante profissional, mas é só ela perceber que seu dono anda meio carente, triste, acabrunhado e afundado no whiskão que a coisa descamba pro 50 Tons de Iphone, com aquelas cenas de sexo meio anos 90, venda nos olhos e musiquinha techno de fundo.
Aí você até pensa que a coisa vai melhorar, mas não é o caso.
Enfim, percebendo que tanto a esposa recém-operada como as crianças são um fardo para o pobre do homem branco hétero que é o seu dono, Alice começa a tramar uma forma de se livrar da família e de todos que possam ameaçar a felicidade do seu lindinho.
Megan Fox, que não é a M3gan, mas dá os seus pulinhos, está meio robótica [tu dum tss] em sua interpretação, mas ainda é a melhor coisa do filme. Tadinha, ela sabe que tá numa bomba mas se esforça pra dar um mínimo de dignidade ao seu papel.
O filme ainda tenta, de forma bem canhestra, fazer uma crítica social sobre como o ser humano tende a perder o seu espaço com a invasão destes andróides, mas fica só na tentativa mesmo. O filme nitidamente mira no Blade Runner e no WestWorld mas acaba acertando mesmo é no Cine Privé. E mesmo assim, nem isso ele faz muito direito.
Mas a Megan Fox no modo Full Pistola faz a coisa valer a pena.
AS TIAS (2024)
A seara do filme de terror contemporâneo é feita, em sua imensa maioria, por referências a clássicos e conceitos estabelecidos no imaginário popular. Basta ver como uma belezura como A Substância bebe de inúmeras obras anteriores. O grande ponto, porém, é quando o filme consegue ressignificar estes elementos e criar uma experiência tão familiar quanto contundente. Não é o caso deste As Tias, em cartaz no Prime.
Apesar da boa condução do diretor Felipe Martínez Amador, o filme é incapaz de sair da vala do ‘já vi antes e era bem melhor’. Vamos conferir? Tudo começa quando uma mulher se muda para uma casa com sua filha portadora de autismo.
Não seria nenhum problema se, anos antes, duas tias desta mulher não tivessem se matado de forma violenta dentro da casa – ou seja, não é o melhor lugar para buscar um tratamento mais humanizado para sua filha. A partir daí, é aquela coisa que a gente já conhece: a menina parece melhorar, mas na verdade isso só acontece porque ela está conversando com os espíritos das tias.
As tias, por sua vez, fazem aquela velha ladainha do espírito que parece um gato: ficam derrubando coisas, abrindo torneiras e fechando portas. Sim, elas também ficam passando no fundo pra dar susto só no espectador, já que ninguém mais as vê.
As referências que comentamos passam por Amityville, O Orfanato, O Sexto Sentido, Invocação do Mal, entre outros. Não é de todo ruim, muito ao contrário: temos uma atmosfera bem sinistra, a menininha é ótima e há uma revelação bem interessante lá no terceiro ato. O problema mesmo é a completa falta de novidade e um mínimo de personalidade.
RESSURREIÇÃO DO MAL (2024)
Não dá pra dizer que faltou ousadia aqui na realização deste filme. O filme, na mesma linha de Buscando e Desaparecida, é todo registrado por meio de aparelhos eletrônicos [telefones, desktops, notebooks, câmeras de segurança] e conta a história de um casal cujo filho morre em um acidente de carro meio que por culpa do pai, que havia bebido horas antes. Eis que, para aplacar a dor do casal, um padre liga para a mãe avisando que o Vaticano – do nada! – criou uma tecnologia para ressuscitar pessoas, e que o filho dela poderia ser o primeiro ressuscitado.
O experimento dá certo e, anos depois, praticamente ninguém mais morre no planeta, já que todos – desde que sejam batizados e tenham uma vida [inclusive digital] sem pecados – podem voltar à vida agora. A coisa começa a degringolar quando alguns dos ressuscitados começam a assassinar outras pessoas de forma aleatória. Qual seria o motivo? O processo deixa as pessoas loucas, a pessoa tinha pecado e não foi descoberto antes, uma conspiração mundial?
Quem passa a investigar isso é o pai daquele primeiro menino ressuscitado, que se tornou um padre que dá sermões online para milhares de convertidos. Contando assim até parece bacana, mas é um filme que, evidentemente, não vai muito a fundo nas questões que levanta e acaba se preocupando mais com o mistério por trás dos crimes mesmo, que é até que bem conduzido pelo diretor Egor Baranov. O problema é que é tudo muito genérico e previsível, incapaz de abraçar todo o gigantesco conceito que levanta.
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