E vamos nós de novo!

continua após a publicidade

Todo mundo já sabe que os anos 1980 foram um período de efervescência cultural e criativa que continua a ressoar até os dias de hoje. Foi uma década marcada por inovações no cinema, na música e na moda, definindo tendências que permanecem vivas na cultura popular até hoje.

Os filmes dessa era não apenas moldaram o entretenimento de sua época, mas também estabeleceram conceitos narrativos e estéticos que influenciam profundamente o cinema atual – para o bem e para o mal.

Fazer uma lista de apenas 30 filmes que marcaram os anos 1980 (ou qualquer década) é sempre um desafio, pois muitas obras boas inevitavelmente ficam de fora.

continua após a publicidade

Essa dificuldade reflete o impacto que essa década teve sobre o cinema e a cultura em geral. Assim, complementando a lista anterior, vamos explorar outros 30 filmes desse período que até hoje fascinam tanta gente, mostrando como os anos 1980 deixaram um legado inesquecível que ainda reverbera no imaginário coletivo.

Vamos lá?


continua após a publicidade

BLADE RUNNER (1982)

Pouco sabem, mas Blade Runner foi um grande fracasso quando de seu lançamento. O clima pesado e o estilo inspirado no film noir afastaram o público que vinha da levada de Star Wars e congêneres. Com o tempo, tornou-se cult e hoje é uma das mais celebradas ficções-científicas de todos os tempos. Como é de se esperar de Ridley Scott, há várias versões do filme. Prefira a versão do diretor, sem a narração em off e sem a conclusão feliz e forçada do original.

JORNADA NAS ESTRELAS 2: A IRA DE KHAN (1982)

Mais um da safra de 1982. Após o relativo fracasso da primeira empreitada da Enterprise no cinema, os produtores resolveram mexer em tudo: trocaram os uniformes, mexeram na Enterprise, trocaram os roteiristas, contrataram a ILM para efeitos especiais e chamaram o diretor Nicholas Meyer para dar um jeito na confusão. E não é que deu certo? Com certeza a melhor aventura da série clássica, a Ira de Khan conta com um vilão perfeito, tem William Shatner na medida certa com sua canastrice estudada e uma conclusão que levou os espectadores às lágrimas. ‘Khaaaaaaaaaaaaan!’

SCARFACE (1983).

Refilmagem do clássico dos anos 30, Scarface é um filme exagerado, violento e com uma interpretação antológica – e também exagerada – de Al Pacino como o cubano Tony Montana, que se torna um dos maiores traficantes de Miami, mas que cai em desgraça por conta de sua ganância, seu vício em drogas e seu ciúme desmedido da irmã. Tem aquela que é, com certeza, a mais apoteótica e cheirada conclusão que você já viu num filme – e sim, é daquele que dificilmente seria feito da mesma maneira nos dias de hoje. ‘Say hello to my little friend’.

CAÇA-FANTASMAS (1984)

Um grupo de atores de comédia em perfeita sintonia, uma história simpática e efeitos grandiosos fizeram dos Caça-Fantasmas um sucesso imediato, muito por conta do fenomenal Bill Murray, que rouba todas as cenas. A música-tema virou sucesso e teve até desenho animado. A continuação, de 1989, foi fraca e desnecessária. Teve duas continuações tardias recentes, que não têm metade do charme do original.

O HOMEM ELEFANTE (1980)

O segundo filme de David Lynch é um filme emocionalmente devastador. A história do jovem deformado que vive na Londres do século XIX já havia sido transformada em  livro e peça de teatro, mas sua versão cinematográfica  é a que melhor traduziu a trágica vida desta figura trágica. Filmado em maravilhoso preto e branco, com várias cenas antológica e uma conclusão para deixar você chorando em posição fetal.

PINK FLOYD – THE WALL (1982).

Um dos álbuns mais emblemáticos do Pink Floyd (leia-se Roger Waters) ganha cores e imagens pelas mãos de Alan Parker, que misturou live-action com animação para contar a história do cantor Pink (Bob Geldof), seus problemas com a mãe possessiva, a mulher, a morte de seu pai na guerra, bebidas e drogas, mesclando ainda temas como o autoritarismo e a intolerância. Contundente como se espera da união destes dois pesos-pesados.

CLUBE DOS CINCO (1985)

Outro clássico adolescente de John Hughes que mostra cinco estudantes (o nerd, o rebelde, a patricinha, o atleta e a gótica) que se encontram num dia de detenção na escola. Um filme que marcou época, mas que na prática é um daqueles que prega que a solução para seus problemas é mudar completamente a sua personalidade e se ajustar ao sistema. Tem seu charme irresistível, mas essa mensagem nunca me convenceu.

OS EMBALOS DE SÁBADO CONTINUAM (1983)

Achou que era só filme bom aqui? Achou errado! Aqui temos um John Travolta pra lá de anabolizado às voltas com um musical da Broadway saído das profundezas do inferno. A mão pesada do diretor Sylvester Stallone não deixa muito espaço para sutilezas, mas o que marca o filme são mesmo as músicas sempre deliciosas dos Bee Gees. Mas o filme é muito ruim, não tem memória afetiva que ajude.

DUBLÊ DE CORPO (1984)

Brian de Palma em sua melhor forma. Homenageando clássicos com Janela Indiscreta e Um Corpo que Cai, do mestre Hitchcock, De Palma conta de forma extravagante a história de um ator desempregado que se envolve numa mirabolante trama de assassinato, com direito a uma lindíssima Melanie Griffith como a atriz pornô Holly Body.

FOME DE VIVER (1983)

Tony Scott, irmão de Ridley, estreia no cinema com esse filme classudo até a espinha que conta a história de uma vampira e seu companheiro  (David Bowie e Catherine Deneuve) que saem na noite londrina em busca de vítimas para seu prazer. Quando seu parceiro começa a envelhecer, a vampira encontra numa jovem Susan Sarandon a substituta perfeita para sua rotina imortal. Ficou famoso principalmente pela cena inicial, na qual o grupo Bauhaus canta ‘Bela Lugosi is Dead’.

ROBOCOP (1987)

Paul Verhoeven transforma uma trama aparentemente simples de ciborgue num dos filmes mais viscerais e violentos dos anos 1980. A história do policial Murphy, que é morto (numa cena extremamente cruel) por uma gangue de marginais e ressuscita como Robocop, é contada de forma ágil pelo diretor, auxiliado pela música bombástica de Basil Poledouris e pelos efeitos de Rob Bottin. Para variar, teve duas continuações toscas e uma série para TV.

UMA CILADA PARA ROGER RABBIT (1988)

Robert Zemeckis inova mais uma vez e traz personagens de desenhos animados para o mundo real, contando a história do coelho Roger e seu envolvimento num assassinato nos anos 1940, naquela toada clássica do cinema noir. Bob Hoskins faz o detetive que investiga o caso e Kathleen Turner faz a voz de Jessica Rabbit, um misto de Veronica Lake com Rita Hayworth. E tem ainda a única cena da história em que Mickey e Pernalonga contracenam.

OS INTOCÁVEIS (1987)

O filme que lançou Kevin Costner é ainda hoje um delicioso exemplo do gênero gângster. Baseado na série de TV homônima dos anos 60, deu o Oscar de coadjuvante para Sean Connery e definiu para sempre Robert De Niro como a cara de Al Capone no cinema. De Palma mais contido que o normal – mas nem tanto -, mas ainda capaz de cenas antológicas como o tiroteio na estação de trem, homenageando O Encouraçado Potemkim.

SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS (1989)

O melhor exemplo do filme com lição de moral do período. A direção segura e inspirada de Peter Weir consegue disfarçar um roteiro que, apesar do tom supostamente progressista e contraventor, tem muito de moralista. Robin Williams mostra que por trás do ótimo comediante também havia um ótimo ator.

POLTERGEIST (1982)

A versão de Tobe Hooper para o conto do bicho papão é um dos mais imitados e admirados filmes dos anos 80, com frases (“Venha para a luz”) que até hoje fazem parte do imaginário da cultura pop. A morte de diversos membros do elenco e da equipe criou uma injustificada maldição Poltergeist. Teve duas continuações, como sempre, dispensáveis e uma refilmagem vergonhosa. Apesar do nome de Hooper na direção, é um filme spielberguiano em sua completa essência.

CARRUAGENS DE FOGO (1981)

O diretor Hugh Hudson (que posteriormente faria Greystoke, aquele versão do Tarzan com o Christophe Lambert) conta uma história clássica e bem padrãozinha sobre corredores ingleses no início do século XX. A trilha sonora de Vangelis tornou-se base para eventos esportivos até hoje. Um bom filme, correto, mas que não merecia ganhar o Oscar de Melhor Filme, ainda mais em um  ano em que Caçadores da Arca Perdida concorria junto.

LAÇOS DE TERNURA (1983)

Shirley Maclaine, Jack Nicholson e Debra Winger num dos filmes mais interessantes e emocionantes do período. Começa como uma inocente trama familiar e termina como um drama avassalador capaz de arrancar lágrimas de qualquer pessoa. Levou o Oscar de melhor filme e Nicholson o de ator coadjuvante como o ex-astronauta que se envolve com a personagem de Maclaine.

RAIN MAN (1988)

Barry Levinson dirige Dustin Hoffman e Tom Cruise nesse drama sobre dois irmãos afastados que se reencontram anos depois. O irmão mais novo (Cruise) descobre que  o mais velho é autista e tem de lidar com seu preconceito e sua arrogância. Hoffman fenomenal numa história sobre crescimento e aceitação e Cruise mais uma vez acertando em suas parcerias.

VELUDO AZUL (1986)

Lynch novamente choca ao realizar um estudo profundo e relevante sobre a perversidade humana. A primeira cena do filme traduz todo o clima da produção: por trás de uma cidade bonita, com pássaros cantando e bombeiros cumprimentando pessoas na rua, há um reino em que insetos nojentos digladiam pela sobrevivência.  Dennis Hopper e Isabela Rosselini completam o quadro bizarro pintado por Lynch.

DURO DE MATAR (1988)

O policial John MacLane é cria direta de Rambo e de Indiana Jones. Do primeiro ele puxou a facilidade de, sozinho, eliminar todos os bad guys que cruzam seu caminho. Do segundo, puxou o bom humor a incredulidade de estar naquele tipo de situação. Dirigido pelo experiente John Mctiernan, Duro de Matar é memorável pelo design de produção, responsável pelo edifício Nakatomi e por contar com um vilão perfeito, Hans Gruber, interpretado pelo até então desconhecido Alan Rickman, liderando um grupo de uber models alemães do crime. Filmaço.

SELVAGEM DA MOTOCICLETA (1983)

Junto com Vidas sem Rumo, faz parte do estudo que Francis Coppola fez da juventude nos anos 1980. Rapaz (Matt Dillon) tem de lidar com as dificuldades do seu dia a dia e com a lembrança de seu irmão mais velho (Mickey Rourke), considerado uma lenda em sua cidade. No retorno do irmão, a expectativa e a realidade colidem de forma dramática. Um dos melhores e mais subestimados filmes de Coppola.

OS FANTASMAS SE DIVERTEM (1988)

Antes do Batman, Tim Burton dirigiu essa deliciosa comédia sobre um casal de fantasmas que tem de conviver com os novos moradores. Michael Keaton delicia-se como o personagem Beetlejuice, um espírito falastrão que promete limpar a casa para os antigos donos. A falta de traquejo de Burton para sequências mais complexas é compensada por efeitos especiais criativos e sequencias memoráveis, quando, por exemplo, os convidados são possuídos e dançam ao som de “Day-o”, de Harry Belafonte. A continuação tardia estreia essa semana aqui no Brasil.

O NOME DA ROSA (1986)

O complexo livro de Umberto Eco foi transformado, inteligentemente, numa trama de suspense sobre uma série de assassinatos ocorridos num mosteiro. Numa clara homenagem a Sherlock Holmes, Sean Connery investiga os crimes, relacionados a um lendário livro desaparecido. Envelheceu um pouco nos dias de hoje, mas ainda consegue segurar a atenção.

JOGOS DE GUERRA (1983)

Antes de ser Ferris Bueller, Mathew Broderick quase destruiu o mundo nesta aventura dirigida por John Badham. Jovem nerd invade o principal computador da defesa americana e começa a jogar com ele. Não demora muito para que o computador ache que o jogo é real e estabeleça um ataque contra os russos.  Teve um continuação tardia feita para a televisão nos anos 2000.

HARRY E SALLY (1989)

A história dos amigos que se encontram ao longo dos anos foi contada de forma sensível por Rob Reiner, que intercalou depoimentos de supostos casais reais como contraponto às reações do casal. Meg Ryan nunca esteve tão linda e Billy Crystal surpreende nesse filme delicioso. E que ainda tem a cena do ‘orgasmo’ de Sally, inesquecível.

PORKY´S (1982)

Realizado com o troco do pão e com um roteiro recheado de piadas de duplo sentido e de mau gosto, Porkys tornou-se um dos maiores sucessos do período e teve duas continuações no mesmo nível. Não há muito o que dizer: grupo de estudantes busca se dar bem de todas as maneiras possíveis, olhando as amigas no banheiro do colégio, sempre sacaneando os outros e a si mesmos. E sendo sacaneados, claro. Revelou Kim Catrall (da saudosa Sex and the City) como a garota que uivava na hora H.

QUERO SER GRANDE (1988)

O filme que mostrou que Tom Hanks, por trás da fama de simples ator de comédias, poderia ser um grande intérprete. A história é conhecida. Por meio de um artefato mágico, garoto cresce e fica com a aparência de 30 anos de idade. Após conseguir emprego numa loja de brinquedos  e se tornar o principal executivo da mesma, resolve que bom mesmo é ser criança e termina voltando para casa. Apesar dos inúmeros furos no roteiro e algumas incorreções bem complicadas, é um filme delicioso e nostálgico.

007 – NA MIRA DOS ASSASSINOS (1984)

Não é o melhor de James Bond do período, mas entra aqui por ser o último filme interpretado por Roger Moore, que logo depois substituído por Timothy Dalton. Como em todo filme de James Bond, a trama começa em Paris e termina na ponte Golden Gate, em São Francisco. Christopher Walken é o vilão, Grace Jones é a ajudante cuja fidelidade varia sempre e a música tema é do Duran Duran. Mais anos 1980, impossível.

TOP SECRET  (1984)

Da mesma equipe que realizou Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu, esta comédia traz Val Kilmer como o cantor de rock Nick Rivers, que se envolve com a Resistência Francesa em busca de um cientista desaparecido em plena Segunda Guerra Mundial. A trama é apenas pano de fundo para um festival de trocentas piadas por minuto, algumas infames, algumas geniais e outras tecnicamente impressionantes, como a luta embaixo d´água e a visita à biblioteca.

PREDADOR (1987)

Da safra dos anos 80, este é uma surpreendente mistura de filme de guerra com ficção científica e uma boa dose de filme de monstro. A história do alienígena que vem para a Terra caçar pode até ser meio batida hoje em dia, mas a direção segura de John Mctiernan aliada aos efeitos especiais da criatura e à boa presença Schwarzenegger como o líder dos soldados transforma o filme em uma aventura quase perfeita.