ROBÔ SELVAGEM (2024)

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Uma das animações mais lindas do ano, Robô Selvagem mescla um tanto de E.T com Procurando Nemo com Gigante de Ferro, ainda assim soando absolutamente original.

O filme lida com temas como a solidão, a maternidade, a solidariedade, a superação e sabe-se lá quanto mais temas de forma completamente orgânica, sem jamais soar panfletário ou forçado.

Um filme capaz de emocionar até o mais duro dos corações. Um clássico imediato.


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CORINGA: DELÍRIO A DOIS (2024)

Talvez o maior problema deste Coringa seja a sua origem. É nítido que Todd Phillips entrega aqui tanto um imenso pedido de desculpas como um gigantesco dane-se para sua plateia. O fato de que estes dois pilares do que seja o filme não se conversem é o que deixa a obra tão irregular, mas não menos fascinante por isso.

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Recuando de praticamente tudo que havia estabelecido no primeiro filme, aqui temos uma desconstrução dolorida do personagem, reduzido a uma figura quase patética e manipulável, incapaz de compreender a própria natureza de sua personalidade.

Não que o diretor se saia melhor do que isso, já que ele constantemente se contradiz em tudo o que propõe, a começar pela própria estrutura de musical, que ora é assumida com todo o orgulho, ora parece estar ali de forma constrangida, incapaz de acrescentar algo além de minutos a mais ao filme. Lady Gaga é uma presença sempre interessante, mas aqui ela tem pouco ou nada a fazer – e nem é culpa dela, sua personagem é que é bem equivocada mesmo.

No fim, Coringa – Delírio a Dois não chega a ser o desastre que tantos acham. Há certos momentos quase sublimes e o conceito da descontrução é corajoso. Pena que tudo esteja embalado em uma obra que parece existir apenas para cumprir tabela, sem a paixão e o comprometimento que eram tão evidentes no primeiro filme.


MEU QUERIDO BOBBY: ERA TUDO UMA FARSA (2024) | NETFLIX

A vertente ‘catfish’ dos documentários true crime é sempre interessante: aqui temos uma jovem que conhece um cara chamado Bobby e que, por dez anos, desenvolve uma relação de amizade que se torna amorosa com a figura, sem jamais vê-lo frente a frente. Como é de se esperar, há algo bem bizarro nessa história, e o documentário detalha passo a passo a descoberta de uma fraude inacreditável. Só vendo mesmo pra crer.


 A MÚSICA DE JOHN WILLIAMS (2024) | DISNEY+

Minha cinefilia deve muito a John Williams. Se não fossem pelas suas trilhas sonoras, provavelmente não teria mergulhado com tanto gosto nesse maravilhoso universo cinematográfico.

Esse documentário em cartaz na Disney é bastante correto e redondinho em sua proposta, mas há tanta coisa linda e eterna na carreira de Williams, principalmente em sua parceria com Steven Spielberg, que é impossível não se emocionar com os causos sobre a criação de diversos temas imortais, assim como é fascinante conhecer um pouco mais sobre o homem por trás da lenda. Imperdível.


NÃO SE MEXA | NETFLIX

Suspense basicão mas que é bem eficiente em sua proposta. A trama sobre um serial killer que injeta uma substância paralisante em sua vítima é repleta dos clichês mais óbvios, mas nada que vá te ofender. O bom ritmo e a cara de louco de Finn Wittrock garantem a diversão.


PRENDA A RESPIRAÇÃO (2024) | DISNEY+

O filme parte quase da mesma premissa de Não Solte, mas aqui a coisa funciona muito bem.

Sarah Paulson vive uma mulher que mora com seus filhos numa fazenda. O marido está longe e o período de seca deixa tudo árido e empoeirado. Aliás, a sensação de falta de ar é das mais palpáveis, em todos os sentidos.

Aos poucos, a solidão, alguns eventos sinistros e a própria perturbação da personagem fazem com que as paredes da realidade comecem a desmoronar, resultando em uma obra inquietante e perturbadora.


CARVED (2024) | DISNEY+

Trasheira de qualidade em cartaz na Disney, esse aqui conta a história de uma abóbora gigante que ganha vida e que resolve sair matando qualquer um que tenha esculpido alguma abóbora no Halloween. Sim, é isso que você leu!

Ciente do seu baixo orçamento, o diretor aqui busca algumas soluções bem criativas para driblar essa barreira, entregando uma trama pra lá de engraçada e com alguns efeitos de maquiagem bem interessantes. Pode ver ser medo, a diversão é garantida.


MANÍACO DO PARQUE (2024) | PRIME VIDEO

Eita, dureza.

Ao contar a história do Maníaco do Parque, o diretor Maurício Eça faz uso dos piores clichês que já seriam meio constrangedores há pelo menos uns 15 anos.

As escolhas narrativas são completamente equivocadas, desde colocar como protagonista uma jornalista fictícia que parece estar ali apenas para panfletar no pior sentido possível, até a representação canhestra do assassino, que nem o talento imensurável de Silvero Pereira consegue ajudar.

No fim, um filme equivocado que sequer consegue estabelecer qual o motivo daquele personagem merecer uma cinebiografia.


A HORA DO VAMPIRO (2024) | MAX

Primeiro livro que li de Stephen King, A Hora do Vampiro foi a melhor porta de entrada possível para este universo fantástico e muitas vezes aterrorizante criado por este autor tão fascinante.

Esta nova versão é uma obra no mínimo irregular. Ao mesmo tempo que tem problemas bem sérios (os personagens são plenamente descartáveis, o conflito demora a escalar, o ritmo e a edição parecem de minissérie editada), ele também traz elementos muito interessantes, como diversas sequências extremante criativas e violentas, um clima de Goonies e Garotos Perdidos saído diretamente dos anos 1980 e um resgate muito próprio do mito clássico do vampiro e seus cânones.

No geral, uma obra divertida e com um charme todo especial – mesmo que divertido seja algo que você não espere de uma obra de King.


O MENINO E A GARÇA (2023) | NETFLIX

Hayao Miyazaki conta aqui a história de um garoto que, após a morte da mãe, vai para o interior do país morar em uma fazenda com a nova esposa do pai, por acaso irmã de sua falecida progenitora. Lá, ele encontra uma garça que o leva para um reino mágico repleto de aventuras e descobertas.

Com toques evidentes de Alice no País das Maravilhas, o filme toca de forma contundente temas como o luto, a culpa e o ressentimento, mesclado àquele deslumbramento que o cineasta tem tanto com universos bizarros como com os elementos da natureza e a forma como os seres humanos se relacionam com eles.

Lisérgico como suas obras mais contundentes, O Menino e a Garça explora com maestria questões que vão além do universo infantil, numa obra que não se rende a explicações fáceis e que traz alguns dos momentos mais exuberantes e ao mesmo tempo tocantes de sua carreira.