Outubro chegou, e com ele vem o clima perfeito para quem ama o universo do terror. É o mês do Halloween, uma época em que o macabro e o assustador ganham destaque em todos os lugares. Para entrar no espírito da temporada, nada melhor do que revisitar alguns clássicos do cinema de horror, e o melhor de tudo: você pode assisti-los no conforto da sua casa, por meio dos serviços de streaming.

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+ Veja também: Especial Halloween 2 – mais cinco clássicos do terror para conferir em casa

Preparamos uma lista com cinco filmes que eu considero essenciais que marcaram a história do gênero. De monstros icônicos a diretores visionários, essas obras atravessaram gerações e continuam aterrorizando – e fascinando – fãs até hoje. Prepare a pipoca, apague as luzes e venha conferir essas joias do terror que estão a apenas um clique de distância!


A PROFECIA (1976) | Disponível no Prime Video

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Diz a lenda que para conseguir aquele sorriso maroto de Damien no fim do filme, Richard Donner disse para o garoto olhar para ele com cara de zangado. Em seguida, começou a provocar o garoto dizendo que ele não podia rir. O garoto, obviamente, não se segurou e esboçou aquele sorriso que marcou história.

Donner sabia como ninguém começar um filme, e sabia da força de uma boa trilha sonora. Quando Jerry Goldsmith engata seu Ave Satani do começo ao fim dos créditos, o público já está imerso nesta trama sobre um garotinho que, entregue a uma família americana, pode ser o filho do tinhoso e trazer o Apocalipse para a Terra.

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Assim como fez anos depois em Superman, Donner carrega seu filme com tintas realistas e urbanas, fazendo com que a aceitação do horror e do sobrenatural ocorra de forma gradativa, da mesma forma que o personagem de Gregory Peck percebe que seu mundo começa a desmoronar por conta do horror que ele mesmo trouxe para casa.

Repleto de sequências antológicas, A Profecia é mais uma prova do talento e do afinado apuro visual deste diretor que sabia muito de seu ofício.


HALLOWEEN – A NOITE DO TERROR (1978) | Disponível no Telecine

A influência de Halloween no cinema de suspense e terror pode ser sentida até hoje. Mesmo 40 anos depois de sua estreia, são raras as obras do gênero que não bebem, de uma forma ou de outra, da excelência narrativa do mestre John Carpenter. Filmes como Corrente do Mal ou O Homem nas Trevas – até mesmo a série Sexta-Feira 13 – não existiriam sem Halloween.

Econômico como sempre, Carpenter faz um ode à concisão, num filme em que pouco ou quase nada se explica, com uma trilha sonora hipnótica e minimalista, uma câmera subjetiva enervante e uma heroína pronta pra entrar para a história. Até o sangue é raro em Halloween.

Ao contrario dos exagerados [e maravilhosos] efeitos de maquiagem de O Enigma de Outro Mundo, Carpenter aqui faz questão de investir na criação de uma atmosfera de pesadelo na subúrbia, com suas ruas vazias, folhas caindo ao vento e uma completa alienação de seus moradores, que parecem pouco se importar com o que acontece na casa ao lado.

Há elementos que envelheceram um pouco, como o bizarro jogo de esconde-esconde de Michael Myers no terço inicial, o momento Fantasminha Camarada e a participação de Donald Pleasence, cujo personagem passa metade do filme na frente da casa de Myers esperando que algo aconteça.

Mesmo assim, não há nada que diminua o impacto de uma obra meticulosamente calculada para perturbar. O bicho-papão nunca foi tão bem representado como aqui.


A MOSCA (1986) | Disponível no Disney+

Cronenberg entrega em A Mosca o que melhor define sua eterna discussão sobre a relação entre o homem e a tecnologia – aqui, na trágica história de um cientista que cria uma máquina de teletransporte. Sim, a tecnologia pode nos fazer avançar, mas pode também nos destruir e nos destroçar. Indo mais além, Cronenberg mostra como a soberba em dominar o conhecimento, aliado a uma evidente dificuldade em lidar com emoções, faz com que o cientista se arrisque sozinho no experimento que irá leva-lo à tragédia.

Longe de qualquer dose de maniqueísmo, Cronenberg torna a transformação do cientista Seth Brundle [um trabalho fenomenal de Jeff Goldblum] em algo penoso, com doses caprichadas de escatologia e violência.

Mais do que isso, porém, o que quebra o espectador é a transformação psicológica do personagem: de um cientista ingênuo a um monstro capaz de ameaçar a vida da mãe de seu filho e, no fim, uma criatura bizarra em sofrimento inominável, mesclado para sempre à máquina que tanto lhe deu orgulho, que clama por uma morte piedosa. Do mesmo modo, vilões evidentes, como o Stathis Borans de John Getz tornam-se malfadados heróis numa trama em que todos saem perdendo, numa piscadela evidente a Hitchcock.

O olhar que guia toda essa trama vem da personagem de Geena Davis [esposa de Goldblum na época], que registra com horror e incredulidade a deterioração física e mental de seu namorado. No fim, resta a ela lhe dar o momento de paz que ele tanto anseia.

Com efeitos práticos, cortesia do mestre Chris Walas, absolutamente nojentos, A Mosca para alguns pode soar como mais um terror explícito dos anos 80. Quem, porém, se dispuser a ir um pouco mais fundo, vai reconhecer ali um drama de toques existencialistas que referencia Kafka, Lovecraft, Poe, uma história de amor trágica e um dos mais competentes filmes de horror da história.


PÂNICO (1996) | Paramount+

Hello, Sidney!

Wes Craven e o roteirista Kevin Williamson fizeram uma aposta arriscada em Pânico: um filme de terror que desconstruía todos os clichês do gênero ao mesmo tempo que os abraçava com todo o amor do mundo.

O resultado não poderia ter sido melhor. Desde o seu início antológico, no qual Drew Barrymore é aterrorizada por um estranho em sua casa até seu clímax completamente insano [no spoilers here], Pânico é uma aula de cinema, com Wes Craven conduzindo, como um maestro, o espectador por um caminho repleto de surpresas, suspeitas e reviravoltas.

De quebra, ainda temos um elenco afinado e alinhado com a proposta do diretor, que compreendia o gênero como poucos, entregando um filme que soa atual ainda nos dias de hoje e uma das obras mais emblemáticas do terror.


[REC] (2007) | Disponível no Prime Video

Da série filmes perfeitos de terror do século 21, [REC] é daqueles cuja aparente simplicidade esconde um exercício complexo de tensão, medo e pavor. Em pouco menos de 80 minutos, os diretores Jaume Balagueró e Paco Plaza encenam um espetáculo claustrofóbico que mescla o que há de melhor no estilo trem-fantasma com o horror religioso mais aflitivo.

Dos melhores – senão o melhor – do estilo found footage, [REC] tem uma narrativa primorosa, que começa com um mero incidente de uma senhora que precisa ir para um hospital e rapidamente escala para uma desesperada luta pela vida em meio a zumbis sanguinários e conspirações biológicas.

Usando praticamente todos os clichês do gênero com toda inteligência possível, os diretores ainda encontram tempo para diversas cenas antológicas, culminando numa sequência final digna de figurar em qualquer pesadelo, daquelas que você não vai esquecer enquanto viver.

Clássico absoluto.


E aí, curtiu essa lista? Semana que vem continuamos com o nosso Especial Halloween, com mais cinco pérolas deste gênero tão assustador.