Nostalgia no ar: 30 filmes que definiram os anos 1980

Se nosso querido Marty Mcfly, de De Volta para o Futuro, viesse parar nos anos 2020, ele provavelmente iria achar que seu De Lorean não estava funcionando muito bem, já que ele iria se deparar com sequências ou refilmagens de obras como Caça-Fantasmas, Alien, Um Tira da Pesada, Ases Indomáveis, A Cor Púrpura, Beetlejuice, Mad Max, Indiana Jones, Batman, Duna, sem contar a série do Karatê Kid, entre outros.

E sabe por que isso acontece?

Vamos explicar: os anos 1980 foram emblemáticos para o cinema de entretenimento, definindo padrões que moldaram a indústria e estabeleceram personagens icônicos que se tornaram parte do imaginário popular.

Com uma mistura única de ação, aventura e fantasia, essa década produziu franquias duradouras e heróis inesquecíveis, que continuam a influenciar os executivos de Hollywood em busca de sucessos de bilheteria.

A fórmula mágica dos blockbusters oitentistas ainda reverbera no cinema atual, mostrando o poder dessas histórias e personagens em capturar novas gerações e provocar o bolso dos estúdios.

Aí entra o pensamento práticos das grandes corporações: entre criar algo novo e que talvez não encontre o seu público, é mais fácil investir em algo que todos, de uma forma ou de outra, já conhecem.

Não é por acaso que a Disney está vindo aí com Toy Story 5, Moana 2, Mufasa e as versões live de Branca de Neve e Lilo & Stich. Uma estratégia segura e tranquila e quase sem riscos – mas completamente covarde, que iremos discutir outro dia.

Se por um lado isso traz familiaridade e pode atrair uma faixa de público maior, cada vez mais nos afastamos de um cinema de entretenimento que traga algo realmente novo: investimos muito no requentado, acreditando que esta é a melhor opção.

De qualquer forma, vamos aproveitar essa deixa e montar mais uma daquelas listas que tanto gostamos. Neste caso, 30 filmes que são a cara dos anos 1980.


O Império Contra-Ataca (1980) – O filme que deu início ao anos 80 é a fantasia de ação definitiva. Nunca mais George Lucas acertou a mão em sua saga espacial como nesta obra. Não satisfeito em ampliar os limites de sua saga para níveis nunca imaginados, ainda criou um dos maiores vilões do cinema de todos os tempos. Este Darth Vader é o verdadeiro, não aquele garoto chato e mimado das continuações ou o Uber Darth mais recente de Rogue One e outras séries.

Caçadores da Arca Perdida (1981) – Uma aula de como se deve começar um filme, Caçadores da Arca Perdida imortalizou Harrison Ford como o arqueólogo – com um quê de mercenário – Indiana Jones e de quebra mostrou como o cinema de referências pode criar obras originais e geniais ao mesmo tempo. Mesmo que Ford ainda tenha sido obrigado a voltar ao papel com mais de 80 anos de idade.

E.T (1982) – A parceria com George Lucas mostrou a Steven Spielberg como fazer mais com menos. A história do garoto que encontra um alienígena e tenta ajudá-lo a voltar para casa é um clássico moderno que conquistou toda uma geração, com soluções visuais e dramáticas irreparáveis. Esqueça a versão chapa-branca lançada anos depois por Spielberg, com um E.T. em CGI e walkie-talkies nos lugar das armas.

Goonies (1985) – Após o sucesso de E.T., Spielberg passou a produzir pequenas pérolas com diretores que admirava. Aqui, ele chama Richard Donner, de Superman, para dirigir a história dos garotos que buscam o tesouro do pirata Willy Caolho ao mesmo tempo que tentam salvar suas casas e escapar de uma família de mafiosos. E tem o Slot ainda.

De Volta para o Futuro (1985) – Imagine voltar ao passado e poder encontrar seus pais quando eles tinham a sua idade. É isso que o jovem Marty Mcfly consegue ao usar a máquina do tempo do doutor Brown instalada num DeLorean. Uma aventura deliciosa com personagens carismáticos, com uma nostalgia tocante e um ritmo alucinado que o tornou um dos filmes mais queridos de todos os tempos. Mesmo que fique evidente que Marty vai ter sérios problemas psicológicos em conviver com aquela família que ele nunca viu antes. E nem vamos falar do destino do outro McFly que havia sido criado pela família abastada. Onde está, do que vive, do que se alimenta?

Rambo: Programado para Matar (1982) – Stallone é um veterano da Guerra do Vietnam que é assediado por um xerife de uma pequena cidade do interior. Não conformado com essa situação, ele simplesmente destrói toda a cidade, comprovando que, no fundo, o xerife tinha razão. A trama do exército de um homem só encontraria em Rambo sua melhor tradução na telona. As continuações, infelizmente, transformaram o personagem em um caricatura difícil de ser encarada, ainda que divertidas.

Rocky 3 e Rocky 4 (1982 e 1985) – A história é basicamente a mesma, por isso é mais fácil colocar os dois filmes juntos. Após uma luta desastrosa na qual seu melhor amigo morre, Rocky decide se afastar de tudo e de todos para recuperar seu espírito, o seu mojo, o famoso zóio de tigre. Após uma conversa com sua esposa, temos a montagem de treinamento com aquela musiquinha legal e Rocky vence a luta quando ninguém mais acreditava nele. Básico. A saga de Rocky até parou no cinema, mas o filho do Apollo, o pequeno Creed, vem fazendo bonito nas telonas.

Ases indomáveis (1986) – O filme que lançou Tom Cruise como astro do cinema tem, até hoje, cenas aéreas impressionantes, embora o lado psicológico da trama seja pedestre ao extremo. Um dos primeiros filmes produzidos por Jerry Bruckheimer, o que garante muito contraluz, edição taquicardíaca e máquinas tratadas como amantes. E, por incrível que pareça, sua continuação tardia, Maverick, o supera em todos os quesitos.

Gremlins (1984) – Outra produção de Steven Spielberg. Aqui, o filme que começa fofinho, com citações explícitas ao Mágico de Oz, se transforma num filme de monstros sacanas que nem são tão maus assim. No fundo, eles só queriam se divertir. Teve uma continuação em 1990 que era ainda mais alucinada.

A Hora do Espanto (1985) – A história clássica de vampiros traduzida para os anos 1980. O diretor Tom Holland, infelizmente, não repetiu a qualidade deste filme em seus trabalhos posteriores. Uma homenagem emocionante a Roddy Mcdowall num filme de efeitos especiais econômicos e eficientes, com um vilão charmoso e uma mocinha de fidelidade dúbia, contando ainda com a belíssima trilha de Brad Fiedel, o mesmo de O Exterminador do Futuro. Deu origem à mania brasileira de nomear filmes com o prefixo A Hora, como A Hora do Pesadelo, A Hora da Zona Morta e A Hora do Lobisomem, entre outros.

Aliens – O Resgate (1987) – A continuação tardia da ficção-científica dos anos 70 trocou o clima de filme de terror pelo de uma aventura bélica com personagens bem desenhados e um ritmo alucinante. Cortesia do diretor James Cameron, que todos sabem onde veio parar nos dias de hoje. E tem ainda a melhor frase ‘chega pra lá’ da história do cinema: “Get away from her, you bitch!”. Este ano, Alien: Romulus resgatou com honra tanto a aventura deste filmes de Cameron como o horror claustrofóbico de Scott, longe dos existencialismos ambiciosos de Prometheus e Covenant.

A História sem Fim (1984) – Uma das aventuras infanto-juvenis mais reprisadas na Sessão da Tarde conta a história do garoto que, por meio de um livro mágico, vai parar num reino de fantasia onde deve salvar a princesa de uma entidade maligna conhecida como O Nada. Boas doses de aventura, heroísmo e sacrifícios. E, sim, é nesse filme que o cavalo do garoto morre na areia movediça e traumatiza toda uma geração. E é nesse também que. depois de aprender sobre a força do amor e da solidariedade. o nosso pequeno protagonista decide se vingar de seus inimigos perseguindo-os com um cachorro dragão gigante pelo meio da cidade.

Curtindo a Vida Adoidado (1986) – Uma idéia simples transformada num dos filmes mais espertos dos anos 80. Ferris é o cara descolado que resolve matar aula na companhia da namorada e do melhor amigo. Uma celebração à vida e um curioso estudo sobre o que a juventude dos anos 80 sonhava para seu futuro. De John Hughes, que ainda entregou para os cinemas O Clube dos Cinco e Gatinhas e Gatões.

Conan, o Bárbaro (1982) – O filme que lançou a carreira de Schwarzenegger nos cinemas é violento e cruel ao extremo. A história do garoto cuja família é assassinada e cresce para buscar vingança como um poderoso guerreiro tinha roteiro de Oliver Stone e uma trilha sonora magnífica de Basil Poledouris, tão épica que transformou este pequeno e barato filme em uma verdadeira super-produção. Esqueça a versão com Jason Momoa.

Exterminador do Futuro (1984) – Uma história que até hoje gera produtos. Aqui temos a trama original, que mostra como um poderoso androide vindo do futuro tenta matar aquela que será a mãe do futuro líder rebelde. Só que, para salvá-la, também vem do futuro outro rapaz que, ao longo da história, se tornará o pai desse líder rebelde. Ou coisa parecida. Independentemente destes furos na história, o filme carimbou James Cameron como um excelente realizador, com uma das conclusões mais angustiantes do cinema.

Comando para Matar (1985) – Ex-militar enfrenta seus inimigos para resgatar a filha pequena. Este filme é tão exagerado que hoje funciona como uma paródia do gênero. Schwarzenegger metralha tudo e todos sem sequer trocar a munição, enfrenta um vilão que é a cara do Freddie Mercury, imita o Rambo e solta frases de efeito a cada 5 minutos. Basicamente uma comédia. “Não incomode o meu amigo, ele está morto de cansado”.

A Cor Púrpura (1985) – A primeira incursão de Spielberg no drama resultou num filme irregular e maniqueísta, mas emocionante ao extremo. Baseado no livro de Alice Walker, conta a história de Miss Cellie, interpretada por Whoopy Goldberg, abusada pelo pai e pelo marido e sua luta em se descobrir como pessoa e como mulher. E tente não chorar na conclusão mais melodramática da história. Sim, tivemos no anos passado um novo filme baseado na peça baseada no filme baseado no livro. Mas pode ficar com este, que é melhor em tudo ainda.

Um Tira da Pesada (1984) – Eddie Murphy já era um comediante de mão cheia com 20 e poucos anos. No papel do detetive Axel Foley o ator conquistou o mundo e tornou-se um dos maiores astros dos anos 80. Pena que nos últimos anos tenha insistido na fórmula de maquiagem + piadas escatológicas que afundaram sua carreira. Mas este filme de 1984, assim como sua continuação de 1987, firmou os cânones do cinema policial oitentão. Esqueça o terceiro filme e pule direto para a nova versão da Netflix , que é bacaninha, felizmente não ofendendo o legado do personagem.

Karatê Kid (1984) – Um adolescente protagonista perdido, um mestre de luta marcial zen, um grupo de garotos ricos mimados e a namorada mais doce dos anos 80. Junte tudo isso a uma história clássica de rito de passagem e você tem Karatê Kid, um dos mais bem-sucedidos filmes do período. Teve mais três continuações que, obviamente, não chegaram aos pés do original e uma série, Kobra Kai, no melhor estilo Malhação que chegou a cinco temporadas na Netflix.

Máquina Mortífera (1987) – A aventura dirigida por Richard Donner está entre os melhores exemplos do chamado buddy movie, histórias em que dois policiais de personalidades diferentes precisam trabalhar juntos. A dupla formada pelo desequilibrado oficial Martin Riggs e pelo veterano Roger Murtaugh voltaria, em 1989, numa continuação ainda melhor que o original.

Amadeus (1984) – Baseado na peça original de Peter Shaffer, o filme conta a versão teatral da vida e morte de Mozart e seu relacionamento com o músico Salieri. Vencedor do Oscar de melhor filme, a obra é um excepcional trabalho de direção de Milos Forman, com interpretações antológicas de F. Murray Abraham e Tom Hulce.

Sexta-Feira 13 (1980) – A série de slasher movies que entregou para o cinema o assassino Jason Vorhees, aquele que adora assassinar adolescentes no cio em localidades isoladas. Ao contrário do que se pensa, a máscara de hockey só passou a ser usada no terceiro filme e no primeiro quem matava ainda era a sua mãe ligeiramente desequilibrada. A série não revelou muitos nomes, mas é clássica a morte de um jovem Kevin Bacon no primeiro filme.

Flashdance (1983) – Dentre os musicais dos anos 1980, Flashdance foi um dos mais marcantes, seja pela presença da então estreante Jennifer Beals como pela trilha sonora embalado por sucessos como What a Feeling e Maniac. Do período, ainda podemos lembrar de Footlose e Dirty Dancing, entre outros.

Platoon (1986) – Oliver Stone resgata suas memórias do Vietnam e faz um dos mais contundentes relatos de guerra já produzidos para o cinema. Violento, realista e carregado no drama, o filme ganhou o Oscar de Melhor Filme e firmou Stone como diretor e roteirista polêmico no cenário americano.

Corra que a Polícia vem aí (1982) – Baseado numa fracassada série de televisão, o filme firmou o veterano Leslie Nielsen como ator de comédias e confirmou o talento dos responsáveis por Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu em mesclar tramas aparentemente normais com pitadas constantes de nonsense.

A Mosca (1986) – A obra-prima e maior sucesso de David Cronenberg é, ao mesmo tempo, seu filme mais acessível e mais escatológico. Baseado no clássico dos anos 1950, neste o diretor realiza uma metáfora incisiva sobre como as doenças afetam as pessoas e sobre a influência da tecnologia no ser humano. Doses de ficção científica, suspense, romance e terror transformam este filme num grande e inigualável clássico.

Atração Fatal (1987) – Na mesma leva de 9 Semanas e ½, este filme de Adrian Lyne traz Glenn Close como a amante psicopata de Michael Douglas que, de tão ruim, mata até coelhinhos inocentes. Fez parte do cinema moralista dos anos 80, em que puladas de cerca eram sempre punidas de forma exemplar, normalmente com a morte da amante, claro.

O Enigma de Outro Mundo (1982) – Dirigido por John Carpenter, este é um clássico exemplar do cinema de terror dos anos 1980, no qual gênios de efeitos de maquiagem criavam imagens de pesadelo para os espectadores. Neste aqui temos a clássica cena da cabeça-aranha, cortesia do mestre Rob Bottin, o mesmo do posterior Robocop, outra pérola do período.

Coração Satânico (1987) – O filme de Alan Parker infelizmente anda sumido das prateleiras dos serviços de streaming, mas é um maravilhoso exemplo do casamento entre um roteiro intrigante, um diretor inspirado e dois atores em estado de graça. Mickey Rourke, pouco antes da queda, contracena com um Robert de Niro que é puro mal, numa história que mistura magia negra, filmes noir e um clima pra lá de sensual. Essencial.

Highlander (1986) – A história do guerreiro imortal, embora banalizada por duas sequencias desnecessárias e uma série de televisão nos anos 1990 é um dos melhores exemplos do cinema oitentão, seja pela narrativa grandiloqüente como pela trilha sonora recheada de músicas do Queen. Sean Connery faz o papel básico de mentor e Christopher Lambert engana com a sua canastrice usual. Envelheceu um pouco e certos momentos são meio constrangedores, como os duplos twists carpados dentro de um garagem, mas ainda é uma boa pedida para uma tarde chuvosa.

E você, quais são os seus filmes essenciais dos anos 1980?

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