No dia 30 de agosto de 2024, a cidade de Curitiba foi presenteada com mais uma demonstração de eficiência na jardinagem e no paisagismo. Os funcionários encarregados da tarefa, em um gesto admirável de zelo pela urbanização, cumpriram fielmente as ordens e seguiram à risca o cronograma (afinal, não existe relato de atraso de obras na história desse município). Munidos de simpáticas motosserras e outras ferramentas carismáticas, ceifaram algumas árvores inconvenientes para que uma rua, próxima à rua protagonista do projeto, seja alargada.

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Quem precisa de ar puro e sombra quando se pode ter concreto e sol escaldante? Pois é…e, por ironia do destino, seus próprios colegas terceirizados, a serviço também da prefeitura, que atuavam em uma obra próxima. Eles escolheram a sombra das árvores para o momento de descanso em suas pausas. Que sorte eles tiveram hoje, pois talvez, se as obras da Arthur Bernardes não tomarem outro rumo, esse cenário não mais existirá. Ficará com uma paisagem parecida com a da Av. Vitor Ferreira do Amaral. Devastada. Sem vida. Feia. Triste.

Foto: Reprodução/Ionete Hasse/@ionetehasse

A população, sempre grata, poderá desfrutar da nova paisagem minimalista, pois já dizem por aí que “menos é mais”. Sem contar que verde é uma cor muito ultrapassada. Cimento sim. Cor de cimento é que está em alta! Cimento queimado então…um luxo!!! Mas e os pássaros? Bem, eles podem encontrar novas moradas nos fios elétricos, que além de funcionais, agora também serão decorativos.

Aumento na temperatura do planeta? Balela. Quem não gosta de um calorzinho? Vamos aproveitar o ensejo e fazer um brinde à vitamina D pois em Curitiba quase todos temos índices baixos dela. Acho que agora vamos melhorar até nisso. Mas se for ficar muito tempo debaixo do sol não poderemos esquecer de proteção, afinal, já disse o Pedro Bial em seu famoso texto: use filtro solar!

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