O melhor bar de Curitiba. Essa frase é comum ouvir entre os botequeiros da cidade ou mesmo dos “concorrentes” que estão no ramo do boteco. O premiado BarBaran, localizado no Centro de Curitiba, não tem placa de identificação e a entrada é quase secreta. Para vivenciar essa aventura de paz em um ambiente tipicamente ucraniano, a grande notícia está no preço que cabe no bolso do curitibano e dos turistas.
Antes de entrar por uma garagem na Alameda Augusto Stellfeld, 799, à direita da placa da Sociedade Ucraniana do Brasil, um corredor comprido leva a uma porta à esquerda que proporcionará a uma rica história de um país do leste europeu com costumes e tradições na dança e da ótima gastronomia.
Ao dar o primeiro passo em um salão com piso original e que se respira conhecimento, os olhos dos clientes brilham com tamanha identificação de bar. A cada olhar, um novo interesse seja pelos quadros, o teto todo revestido de lambe-lambes coloridos e bem-humorados ou mesmo o brilhante e largo balcão de pastilhas, uma verdadeira obra-prima para o copo americano ou um cotovelo enrugado.
O bar foi aberto ao público em meados da década de 1970, antes era somente para sócios da Sociedade Ucraniana. A grande virada para o sucesso veio em 2008 com os irmãos Igor e Sérgio. A dupla resolveu dar nome ao comércio e apostaram no trabalho de valorizar o país em que os avós moraram antes da partirem ao Brasil.
“O bar é arrendado junto à Sociedade Ucraniana. Meus avós foram donos do bar no final da década de 60, meu tio assumiu depois. Meus pais se conheceram no clube, casaram no salão e praticamente nasci aqui. Eu frequentei à escola aos sábados para aprender a língua, dança e artesanato. Dancei no folclore ucraniano Barvinok e faço parte do coral. Antes não tinha essa decoração, um amigo do clube que ajudou. Era diferente em praticamente tudo, inclusive no público. Baran em ucraniano é carneiro”, disse Igor Mazepa Baran, pai do Felipe, do Gabriel, e das duas gêmeas Natália a Valentina.
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Paz e maratona no Barbaran
O BarBaran é um bar que funciona independentemente do clube, mas segue as tradições da casa. Nos inúmeros quadros que estão expostos com imagens dos templos, fotos dos grupos folclóricos, trajes dos povos usados ao longo dos séculos de várias regiões e selos ucranianos, a logomarca do Barbaran também se destaca ao lado dos antigos lambris (painel de réguas de madeira). “É um cossaco tomando vodca no canudo”, explicou Igor. Nesse caso, é uma espécie de cavaleiro do século XX na Rússia e Ucrânia.
Aliás, a guerra entre os dois países que ultrapassou dois anos com cerca de 1 milhão de mortos ou feridos, segundo informações do Wall Street Journal de terça-feira (17), não é esquecida no bar. Um cartaz pede Pare Putin, Pare a Guerra. Um ponto importante é reforçar que o BarBaran é tão democrático e longe de briga que não existe segurança no bar.
O trabalho dos garçons é uma maratona. A quantidade de pedidos é enorme e a agilidade da cozinha merece palmas. Um dos destaques é a simpatia dos funcionários que demonstram sabedoria ao sugerir pratos e informar aos duvidosos os ingredientes. O sistema segue sendo na velha caneta e papel.
“Assim tá bom demais, não tem comando eletrônico, é no papel mesmo. No papel tem mais controle por parte do cliente, penso assim. É modo raiz mesmo. Digo que a placa com o nome na frente também está descartada. Antes era para afugentar um pouco e isso foi ficando charmoso. Claro que tem reclamações de gente que não acha, mas é só perguntar no lado”, admitiu Igor.
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Bar com preço justo em Curitiba
No lindo cardápio do BarBaran quem tem a imagem da Catedral de Santa Sofia em Kiev, capital da Ucrânia, é daqueles que dá vontade de pedir tudo. A varenek (pastéis cozidos ucranianos), holoptchi (charutos de repolho), combinado ucraniano ou mesmo a borscht (sopa de beterraba com costelinha defumada e carne moída) são ótimas sugestões para quem deseja experimentar a gastronomia ucraniana.
“A sopa borscht tem um aumento no pedido no inverno como também o caldinho de feijão e dobradinha. O campeão é o bolinho de carne, depois a carne de onça e o varenek. Quanto ao preço, o segredo é ter o bar cheio. Ganho na quantidade, se começar a esvaziar, não vai ter conta que fecha. É uma troca, um equilíbrio. Uma ou duas vezes por ano existe um ajuste de 0,50 e R$1, a intenção é ter um preço justo”, afirmou o proprietário.
O valor do bolinho de carne que é grande é de R$ 9,75, carne de onça que serve duas pessoas custa R$ 25,50, e o varenek com cinco unidades a R$ 22,50.
O legado familiar vai seguir no BarBaran. Os filhos do Igor, Felipe e Gabriel estão no batente e o sobrenome Baran vai seguir tremulando na bandeira azul e amarela da Ucrânia.
“É uma referência, um significado. Tivemos momentos difíceis, prejuízo nos três primeiros anos, perrengues e a pandemia levou todas as minhas economias. Sobrevivemos e seguimos”, completou Igor, o homem acostumado a levantar troféus em concursos e festivais que sacramentam a opinião popular do BarBaran, o melhor bar de Curitiba.
BarBaran
Endereço: Alameda Augusto Stellfeld, 799, Centro
Funcionamento: terça e quarta das 18h às 23h30
Quinta-feira das 17h30 às 23h30
Sexta-Feira das 17 à 00h.
Sábado das 12 às 00h e domingo das 16 às 22 horas.
Instagram: barbaran_ucrania
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