Um boteco transformador de vidas em um ambiente histórico e ponto democrático de uma grande cidade. No Largo da Ordem, no São Francisco, em Curitiba, onde pessoas costumam mostrar a verdadeira face de ideias, o Alchemia Bar, há dez anos, virou um ponto obrigatório de curitibanos e turistas que procuram uma gastronomia mais elaborada. Tudo isso deixar de lado a essência de servir com a humildade de quem aprende todos os dias.
A história do Alchemia na Avenida Jaime Reis, 40, é daquelas que poderiam render um bom enredo de filme, tendo como protagonistas o francês Antoine-Laurent de Lavoisier, o “pai da química moderna”, os artesãos da feirinha aos domingos, os noivos da Igreja da Ordem e mesmo os “malucos beleza” que desfilam no petit pavê ali da praça João Cândido. E dentro desse contexto bem “curitiboca” está uma família de cozinheiros que utilizam as mãos para alterar elementos dentro de uma cozinha ou de uma coqueteleira de prata, para uma mistura perfeita rumo a um copo do cliente. A partir de tantas modificações possíveis, o nome Alchemia foi escolhido com perfeição.
A história desse recinto um tanto misterioso tem no comando a curitibana Mayra Cabral Costa, 45 anos, filha da Sônia e do Josuel, e irmã de um time formado por homens (Leonardo, Marcel, João Gabriel e o Miguel.) Crescida no bairro Capão da Imbuia, e de família de cozinheiros, o carinho pela boa mesa apareceu na infância e aumentou na adolescência.
“Somos festeiros e adoramos estar juntos na cozinha com a mãe fazendo a massa do pão. Cheguei a ficar na casa de uma tia em Campina Grande, na Paraíba, e isso agregou demais na culinária. Adoro a comida nordestina, acho que ali foi uma sementinha plantada que hoje dá frutos”, brincou a simpática Mayra.
Ao retornar para Curitiba, Mayra se especializou no ramo gastronômico, e ainda se formou em Turismo, sem imaginar que estaria anos depois todos os dias em um dos principais pontos turísticos da cidade. “Tudo estava escrito e foi acontecendo. Cheguei a ajudar meu irmão Marcel em um bar chamado Toca do Castor, depois montamos um bar/restaurante de buffet simples no Cristo Rei. Ali foi um grande estágio e depois conheci o Alexandre, meu marido, e a família dele tinha um restaurante na Trajano Reis, chamado Sabor Brasil. Foram cinco anos trabalhando com minha sogra, e ali decidi o que faria da vida”, reforçou Mayra.
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Chegada ao Alchemia
Para dar o pontapé no desejo de abrir um negócio próprio, Mayra recebeu talvez a pergunta mais difícil da vida feita pelo Alexandre. “A casa ou o bar?”. A resposta para o bem de todos foi a segunda opção. A partir daquele momento, a prioridade seria investir no espaço em que a dupla pudesse mostrar a cara deixando de lado o “cordão umbilical” das famílias.
“Existia um bar chamado The Farm , que servia carne de jacaré. Foi muita luta e aprendizado nesse período. Meu pai que sugeriu o nome Alchemia, tendo Lavoisier, o pai da Química, na logomarca. Aqui é pura transformação, seja do cliente que chega com cara amarrada e sai mais relaxado ou da gente que ouve histórias de pessoas que gastam o dinheiro uma vez por ano para vir aqui comer melhor. O bar tem o poder de modificar”, comentou a proprietária.
No Alchemia, a boa mistura já ocorre na chegada. No lado externo, mesas e cadeiras irão possibilitar uma linda vista do Largo, no fundo o Centro da cidade, e toda a movimentação das pessoas na região. Já na parte externa, os olhos irão ganhar de presente uma linda obra de arte feita por artistas de São Paulo que retrataram Curitiba de uma maneira única com traços exclusivos nas paredes.
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“Ficou do jeito que queríamos, são alguns pontos da cidade como um olhar diferente”, avaliou Alexandre. Nos painéis aparecem o Museu do Olho, a Torre Panorâmica, a Praça 19 de Dezembro com o Homem Nu, e ainda conta com a imagem da capivara, um dos grandes símbolos de Curitiba.
Ainda na parte interna, um grande balcão de bar que é de dar inveja para qualquer outro estabelecimento. Na pintura tem os tubos de ensaio usados em laboratórios e imagens enigmáticas que faz a imaginação entrar no mundo das fusões químicas. Outra característica do Alchemia é ser um lugar claro e aberto, diferente de outros bares do Largo que parecem “cavernas”.
Bolinho holandês e gole com nomes curiosos
No Alchemia Bar, a fama de bons pratos avançou o limite de Curitiba. Turistas aprovam o jeito da casa que alia qualidade com preço justo. Um exemplo que vale conferir são os bolinhos holandeses que têm sabor inigualável com especiarias que transformam cada mordida em uma explosão de sabores.
“Poderia ser chamado 8 ou 80. Se a pessoa não gosta de muitos condimentos e especiarias, talvez não goste. Já deu muita polêmica, a textura é diferente, a carne é feita lentamente, 10 ou 11 especiarias, manteiga e muito muque do cozinheiro. O bolinho descansa 24 horas, empanado e chega para surpreender”, confessou Mayra.
Outras opções legais que rendem para uma turma são a chapa de frango com bacon, pinhão, queijo e cheiro verde, a chapa mista com carne, batata frita e linguiça, e a costelinha barbecue que é de lamber os dedos. Ah, sem esquecer do torresmo e da carne de onça com receita original.
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Sobre as bebidas, além da cerveja bem gelada que fica a noite inteira na geladeira, os shots são uma atração à parte. Nomes curiosos como Olho de Sogra (creme de cacau, mix de Bailey´s e Bacardi Ouro), Filho Chora (vodca, licor azul e Jagermeister), Barbie (mix de Bacardi Apple e citrus, licor azul e vodca) e o Sem Or (framboesa, licor, conhaque e vodca). “São autorais e faz grande sucesso. Temos também a opção sem álcool que é também bem pedida”, acrescentou Alexandre.
Esse é Alchemia, uma fusão de bons elementos com acréscimo de paixão e vontade de ajudar o próximo. “Aqui é a minha vida e meus planos passam pelo bar. Isso é tudo, são fornecedores, colaboradores e clientes, a nossa relação é transformando pessoas em uma relação afetiva. Começamos sem cardápio, era um papel impresso encadernado, e evoluímos com muito trabalho”, completou Mayra, uma entusiasta da vida.
Alchemia Bar
Endereço: Avenida Jaime Reis, 40, São Francisco, Curitiba.
Funcionamento: segunda a quinta das 15h até 23 horas
Sextas e sábados das 11h até 1h
Domingo das 10h30 até 20h.
Instagram: bar_alchemia
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