Um bar que dá vontade de morar. Com quase 70 anos, no Centro de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, o Boa Vista Madureira é a perfeição para os fãs de um boteco raiz. Tem churrasco, sinuca, petiscos, batidas refrescantes, cerveja gelada, tiração de onda e muita história.
O Madu, como é carinhosamente chamado pelos clientes, foi fundado na Rua Capitão Tobias Pereira da Cruz, em 1955, pela Lídia e pelo Graciliano, avós do Matheus Cardoso da Silva, atual comandante do bar, e responsável por manter o legado em servir com simplicidade sem perder a excelência.
O início do comércio foi com uma mercearia em um cenário bucólico. Por estar no alto, Lídia e Graciliano eram contemplados com uma imagem bonita do ambiente, e deram o nome de Boa Vista para o empreendimento comercial.
“Eles chegaram em São José dos Pinhais e montaram uma mercearia com pão, leite, queijo, salame e cachaça. Tudo bem colonial. A vó conta que não tinha nada de cidade, e a vista era bonita”, disse Matheus.
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Após vários anos no batente, quem assumiu o balcão foi o Marisvaldo, filho do casal fundador do Boa Vista. Com a maior procura por bebidas e petiscos, o local foi aos poucos ganhando cara de bar. E no boteco, um nome diferente é motivo para apelido, Marisvaldo ficou mais conhecido como Madureira.
“Foi um jogador famoso de futebol e quando ele começou a trabalhar no bar, ganhou esse apelido. Ele ficou 30 anos aqui, e se afastou devido a um problema nas pernas, mas está sempre aqui, sigo conselhos e dicas”, comentou Matheus ao contar a história do pai.
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Com o fama da primeira e segunda geração do bar, a família decidiu unir os nomes e foi criado o Boa Vista Madureira. “O nome Madureira é mais forte, é o popular. Muitos conhecem somente por Madureira em São José, os mais jovens chamam de Madu. Fui criado nesse ambiente, gosto dessa diversidade de pessoas e as histórias que a gente escuta no balcão”, brincou Matheus.
Ataque de fúria no balcão e atletas da sinuca
Ao passar pelas mesas externas e entrar no bar, é como voltar ao passado ou viajar para o interior. Com um piso meio desgastado com o tempo, paredes azuis, prateleira forrada de garrafas e dois balcões brilhantes de madeira que sustentam chopeira, potes de rollmops, espetinho de ovo de codorna com vina e um baleiro com vários tipos de doces, o Boa Vista Madureira agrada todos os públicos, inclusive a gatinha Dora.
Ainda citando o balcão, que é lindo demais, além de marcas dos copos e arranhões, existe uma falha provocada por um ataque de fúria de uma mulher revoltada com a demora do marido em voltar para casa. “O quebrado aconteceu quando uma mulher deu um murro quando veio pegar o marido no bar. Imagine a raiva e a força dela? O balcão é dos tempos do vô e da vó, tiramos o motor devido ao alto custo na energia”, avisou Matheus.
No Boa Vista Madureira são quatro ambientes, sendo dois deles com mesas de sinuca. A arte de dar show no tapete verde e fugir do pacal é feita com maestria. Os “atletas” tem o taco próprio, e o desafiante coloca o nome ou apelido em uma placa antes de desafiar o ganhador do jogo anterior.
Quanto aos petiscos, o campeão é o bolinho de carne. Crocante, macio e bem temperado, é quase impossível comer um só. Em dias bem movimentados, a cozinha chega a preparar mais de 150 bolinhos. “É o carro chefe do bar na nossa estufa. Chegamos a vender 170 bolinhos, temos o frango e o torresmo que saem bem também”, contou Matheus.
Para acompanhar o bolinho de carne, a pimentinha da casa faz sucesso. Outra boa opção no Madu são as batidinhas preparadas pelo próprio dono. É um verdadeiro arco-íris do prazer!
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“O pessoal pedia muito e criei as receitas. São sabores tradicionais e produção nossa. É um sucesso tremendo e vendo até de litro. Combina demais com o bar com as opções morango, maracujá, coco e Amarula”, disse Matheus, filho da Dona Janete.
Responsabilidade e Futuro
Na terceira geração do bar, a responsabilidade de seguir com o legado da família não assustou o jovem Matheus. Acostumado desde pequeno a frequentar o boteco, o desafio é manter a essência raiz do Boa Vista Madureira.
“Eu abracei essa situação há 10 anos. É muito louco, vai aprendendo no dia a dia, não tem estudo que faz você aprender a lidar no balcão. Precisa ter um emocional muito bom, é uma aventura. Não considero um peso, gosto muito de estar dando essa continuidade”, relatou Matheus, neto da Lídia e do Graciliano.
Quanto ao futuro, a família analisa a possibilidade de aumentar o espaço interno, sem dar margem para a retirada de elementos essenciais do boteco como a sinuca e o balcão antigo. “A ideia é conciliar a turma da sinuca e o pessoal que costuma ficar no lado externo. Novidades no cardápio com porções diferentes, sem perder a identidade. Nosso lema é Amizade e Respeito, que nos rege em cada dia de trabalho”, comentou Matheus que conta com o apoio do Everton, Bruno, Camila, Simone e da Ana, uma equipe nota 10.
Serviço: Bar Boa Vista Madureira
Endereço: Rua Cap. Tobias Pereira da Cruz,1487 – Centro, São José dos Pinhais
Funcionamento: Segunda à sexta das 14h até 00h00
Sábado das 13h até 23h
Instagram: barboavistamadureira
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