Um bar para a eternidade e marcado pelo trabalho de uma família que não esconde a origem para proporcionar boas ações para uma gigante comunidade no Sítio Cercado, em Curitiba. O Bar Amigos do Cowboy é o ponto de encontro das famílias do segundo maior bairro da cidade com cerveja gelada, música boa e canja de graça.

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O boteco localizado na Rua Dr. Levy Buquera é referência na região sul quando o assunto passa a ser objetos antigos. A cada olhar dentro do bar é uma ida a um museu em que o visitante terá a possibilidade de registrar na memória e no copo, bons conhecimentos para a vida.

O bar é comandado elegantemente por uma grande mulher. Edneide Fátima de Oliveira, 55 anos, natural de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Com seus cabelos loiros encaracolados, a Neide, como é mais conhecida, costuma usar um chapéu country de palha que reforça o lado rústico. “Eu fico bem? Me chamam de cowgirl, eu gosto”, brincou Neide.

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A história da Neide é bem parecida com muitos outros brasileiros. A mãe, dona de casa, e o pai, trabalhava na construção civil. Em 2011, já casada com o Osmar, o Cowboy, decidiram assumir um desafio de comandar um bar no Sitio Cercado. “Não éramos comerciantes, eu trabalhava como diarista e ele caminhoneiro. Tinha um outro dono o bar, ele foi embora e assumimos. No começo, cabia umas 20 pessoas no máximo, e fazia carne assada, um pouco de salgados. Era Bar dos Amigos o nome”, recordou Neide, que depois veio a se separar do Osmar.

Do relacionamento com o Cowboy, além dos filhos Sara, Geovane e Jean, muitos itens ocupam prateleiras e paredes do bar. E tudo começou com uma mala amarela…

Coleção com raridades e segunda da ressaca

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Ao entrar no Bar Amigos do Cowboy, o cliente vai ter a sensação de retorno para casa da vó. São centenas de objetos colocados no teto, nas paredes e prateleiras, como rádios, ancoras, ferro de passar, telefone público, turbante, canecas de vidro, telefones, maquetes do Velho Oeste e uma antiga mala amarela.

“Os objetos começaram com o meu ex-sogro, o Fernando (já falecido). Ele era do interior e fazia rolo. Começou com uma mala amarela e os clientes foram trazendo, fomos garimpando e foi crescendo. Não tiramos nada, tudo faz parte da história e tem objetos que não existem mais. Não tem preço”, valorizou Sara, uma das filhas da Neide.

Em um dos pontos do salão, próximo a uma linda coleção de pimentas e perto do palco, está um lindo fogão à lenha usado nos momentos de confraternização do boteco. Uma atração ocorre nas segundas-feiras, quando é feita uma canja com pé, pescoço e miúdos. Em uma panela gigante, a refeição quentinha é servida gratuitamente com uma receita de família.

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“Chamamos de segunda da ressaca. Quem passa por aqui, come. Isso começou quando o bar era pequeno, e sobrava pé, pescoço e miúdos do frango. Começamos a fazer e virou tradição com uma panelada de 40 litros. Guardadores de carro e moradores em situação de rua pedem e fazemos o prato. É gratificante”, disse Neide.

Além de todo um astral, o Bar Amigos do Cowboy tem petiscos de boteco como rollmops, espetinho de ovo de codorna e uma estufa recheada de salgadinhos. A dica é experimentar o bolinho de carne quentinho com uma crocância que surpreende o paladar da turma que combina uma cervejinha trincando no copo americano. Vale ainda uma outra sugestão, ficar no balcão de madeira que acomoda perfeitamente o cotovelo do botequeiro.

Carinho pelo bairro e futuro

O Sítio Cercado foi fundado na década de 1950, e, na época, servia apenas para descanso do gado. Posteriormente, a área residencial do Sítio Cercado foi dividida em pequenos loteamentos, quando foi comercializado. Somente na década de 1990, as habitações populares foram implementadas, inicialmente, com residências destinadas para famílias de baixa renda.

Para Neide, o carinho das pessoas pelo bar tem enorme relação com o bairro. “Eu morava no Xaxim, perto do Sitio Cercado. Eu gosto muito dessa região, tem de tudo e o bar agrega a todos os gostos. A minha família trabalha junto, aqui é a minha vida, onde passo maior parte do tempo. Digo que é sacrificante, as pessoas pensam que estamos ganhando horrores e deixo muita coisa de lado. Enquanto os outros se divertem, estamos preocupados em atender. Apesar disso, é clima de festa quase todo dia”, orgulha-se a cowgirl que ainda conta com o apoio do Rodrigo e da Jô, e dos filhos Geovane e Sara.

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Quanto ao futuro do Amigos do Cowboy e de toda a coleção de objetos, a ideia é aumentar e seguir com o propósito do avô que guardava tudo na mala amarela. “É o nosso império, acho que deveremos ficar por muito tempo. O bar vai ficar para meus filhos e netos”, completou Sara.

Amigos do Cowboy

Endereço:  Rua Dr. Levy Buquera, 400 – Sítio Cercado, Curitiba.

Horário de Funcionamento: terça não abre. Segunda e outros dias da semana abre 18h30 e fecha 1h30. A música inicia 21 horas.

Instagram: amigosdocowboy

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