Bar do Tartaruga completa 50 anos em esquina de bairro de Curitiba

Beto com suas tartarugas. Foto: Gustavo Marques/Tribuna do Paraná

Tradição não se compra, se conquista. Pioneiro na Rua Itupava, hoje famosa pelos bares no Alto da XV, um imóvel de esquina segue fazendo história em Curitiba. O Bar do Tartaruga, completou 50 anos no mesmo ponto, servindo com simplicidade e apostando na cerveja gelada, cachaça e na amizade fraterna do balcão.

Fundado em 1974, o Tartaruga é daqueles pontos comerciais que dá vontade de morar. Sorte do Roberto Carlos Bortolanza, o Beto. Atual proprietário juntamente com o filho Lucas, o endereço Rua Itupava, 828, foi moradia por muitos anos de uma turma animada vinda de Francisco Beltrão, região sudoeste do Paraná.

Em uma Kombi com o pai Carmelino, a mãe Dilma, o tio Domingos, o irmão Sérgio, o caçula Roberto e o cachorro Makbaker enfrentaram horas para chegar à“temida” capital. “Saímos bem cedo de Francisco Beltrão e chegamos perto das 23 horas. Veja como era difícil naquele tempo a estrada. O tio sabia do caminho e foi o grande responsável por trazer toda a trupe”, relembrou Beto, na época com 8 anos.

Em Curitiba, os outros irmãos Jair, Ivanir, Itamar e mesmo o Sérgio, que participou da viagem, já estavam estudando na capital e ajudando o tio Domingos em um posto de combustível chamado Tartarugas, na Avenida Salgado Filho, no bairro Uberaba. Aliás, o posto segue em funcionamento.

“O tio Mingo foi o cara. Ele ajudou meus irmãos nos primeiros momentos aqui. No posto tinha borracharia, auto elétrica, restaurante, e o nome foi trazido de lá. Existia uma tartaruga no aquário, era pequena. Acharam um ponto na Itupava, e o pai vendeu tudo para vir, menos a Kombi”, reforçou Beto.

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Bar aberto e cão Uber

Nos quatro primeiros anos do Bar do Tartaruga, o local tinha a cara de boteco de vila. Sinuca, cerveja, cachaça, frango e bolinho de carne feitos pela mãe Dilma. A mudança para uma espécie de restaurante, mas sem perder a essência de bar, veio com uma sugestão de um curtume que funcionava na região.

“O bar vivia da venda de Brahma, pinga, sinuca e salgadinho. O curtume propôs tirar a mesa de sinuca e almoço com prato feito para 200 pessoas. O pai aceitou a ideia, mas manteve o balcão que era uma mesa redonda com só gente “curva de rio”. Foi um período muito bacana, apelidos históricos e concurso como o mais chato do bar que era motivo de risada e muita animação”, disse Beto.

Um dos clientes mais antigos e que adora estar na mesa de entrada à direita é o jornalista e advogado Hernani Vieira. Bom de papo e com uma memória incrível, falar do Bar do Tartaruga é com ele. “Sou suspeito, quando estou aqui em Curitiba dou uma passada para um papo agradável, uma boa cerveja e pronto para atualizar a conversa. Não é fofoca, é informação”, brincou Hernani que é frequentador do boteco mais famoso da Itupava desde a década de 1980.

Quem acompanhou essa trajetória foi o cachorro Makbaker. Lembra que ele veio de Francisco Beltrão na kombi? Ganhou fama no Tartaruga de acompanhar alguns clientes “mais aperitivados”. “O Makbaker já chegou meio velhinho, e alguns amigos pegavam o ônibus para ir embora rumo ao Bairro Alto. Davam pedaços comida para ele, e o Makbaker acompanhava até o ponto. Uma história que ficou bem conhecida foi com o Soneca, um cliente nosso. Uma vez, o cão se engasgou, e o Soneca tirou o osso da garganta. O Makbaker não largou mais do Soneca, ia na oficina mecânica e viraram melhores amigos”, valorizou Beto.

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Bar do Tartaruga: Essência e nova geração

Ao entrar no Bar do Tartaruga é como dar um “passo ao passado”. Balcão antigo refrigerado, janelas coloniais de madeira, cadeiras de palha, chão desgastado diante da correria dos garçons, cachaça exposta para abrir o apetite e quadros antigos que reforçam a linda história dos donos com os fregueses. Naturalmente, dois artigos de decoração fazem parte do bar – a tartaruga e o carinho pelo Athletico.

“Ganhamos vários presentes de tartaruga como adesivos, chaveiros, bonequinhos, abridor e cascos. No caso do Athletico, é uma paixão, todos são bem-vindos e tratamos igual. Estamos perto do Couto Pereira e não tem essa rivalidade”, reforça Beto, pai do Lucas, Matheus e da Rafaella.

Quanto ao futuro do Bar do Tartaruga, a ótima notícia que o Lucas já está trabalhando a pleno vapor no bar ao lado do pai. O legado do Tartaruga vai seguir com a dedicação e paixão pelo balcão e pelo famoso alcatrão, a orelha de elefante servida em prato de alumínio.

“O Lucas nasceu aqui dentro, e gosta do que faz. Saiu do Hospital São Lucas direto para o endereço do bar. O Tartaruga é minha vida, devo tudo ao bar”, completou o orgulhoso Beto que tem a colaboração de uma equipe entrosada tendo o Adriano ( mais antigo), Alexandre (Brizola), Heron, Matheus, Rafael, Diogo, Diego, Alex, Savinho e o churrasqueiro Jeremias.

Bar do Tartaruga

Endereço: Rua Itupava, 828 – Alto da XV, Curitiba.

Horário de funcionamento: Segunda a sexta das 11h às 14 horas (prato comercial, prato feito e marmita)

Terça a Sexta- 17h às 22 horas (cardápio)

Sábado e Domingo das 11 horas até 15 horas (cardápio)

Instagram: tartarugaitupava

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