Bar de Curitiba com quase 60 anos é sucesso com o caldo de piranha, o “viagra dos rios”

Autêntico, tradicional e com identidade carimbada de boteco raiz. Famoso pelos caldos que ajudam a combater a ressaca e que dão força para seguir no famoso cantinho da cirrose, o Bar Giraldi na Rua Schiller, no bairro Cristo Rei, em Curitiba, segue igual aos trilhos do trem que avançam pela região que um dia foi chamada de Vila Morgenau, o de integrar gerações e transmitir conhecimento.

Fundado em 1964, o Bar Giraldi ou mesmo apelidado de Caldinho de Piranha, vai completar 60 anos no próximo mês. A experiência no ramo botequeiro fez do lugar um ponto importante na vida dos curitibanos, e pode-se cravar sem medo, é um boteco histórico que trouxe para a fria Curitiba, um alimento quente para os padrões do Sul do Brasil – o caldo.

O responsável pela gestão do Giraldi é o Emerson Marques Mella, 52 anos, um ex-analista de Tecnologia da Informação (TI). Trabalhava em uma multinacional, vivia sobrecarregado de trabalho, pressão e correria para atingir metas. O coração alertou, e ele foi vítima de infarto. “Decidi ali tirar o pé ou não estaria mais aqui. Na época, tinha um sócio e compramos o bar, eu precisava de uma experiência diferente, ter relações com as pessoas, deu certo. Hoje posso dizer que estou vivendo e aproveitando a vida”, disse Emerson, dono há oito anos do Giraldi.

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O atual comandante não tem parentesco com os primeiros donos do bar. O estabelecimento teve início com Adroaldo Giraldi, na época funcionário do Armazém SIMM (ainda em funcionamento), e com o filho Aldo. A venda direcionava para artigos secos e molhados como farinha a granel e banha em lata, mas tinha exceções como rojões e algumas garrafas de cachaça.

Na década de 1980, os donos reforçaram o cardápio com um tal caldo de piranha. A clientela ficou eufórica com a novidade e o bar ganhou notoriedade na cidade. Falava-se que essa iguaria era uma “comida diferente” que “não se fazia em casa”, o lugar ideal para convidar amigos e perfeito para namorar. Aliás, o caldinho de piranha é conhecido na região amazônica por ser extremamente afrodisíaco, chegando a ser chamado de “viagra dos rios”. Isso acontece porque a cabeça da piranha é riquíssima em fósforo, um mineral que estimula a libido.

Com quase 45 anos de bar, a família Giraldi decidiu negociar o ponto para o Clóvis e a Mari, que posteriormente venderam ao Emerson que fez algumas mudanças, sem perder a essência do boteco, onde o nome das pessoas tem valor. “Digo que boa parte do passado ficou, inclusive o caldinho de piranha. Colocamos mais caldos e informatizamos, mudamos o layout, e fazemos questão de chamar todos pelo nome. Não existe a comanda pelo número da mesa, isso faz toda a diferença”, comentou o dono que tem um apoio de uma equipe eficaz com o Rodrigo e a Gabi, sem contar o Gaúcho, cozinheiro de mão cheia e dono do segredo do caldinho de piranha.

Outro ponto favorável no Giraldi é o posicionamento das mesas e cadeiras de madeira. O ambiente é informal, sem frescuras, aberto para dar aquele “bizu” e ainda aprender que Schiller, nome da rua em que o bar está localizado, é uma homenagem de Curitiba ao dramaturgo, historiador, filósofo e poeta alemão em que Gonçalves Dias, romântico brasileiro se inspirou. Uma linda placa verde interna sinaliza esse lembrança.

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Filé, cabeça e espinho da piranha

Esse mistério não vai ser desvendado por completo, mas o caminho está nas mãos do Laércio Knabb, o Gaúcho do Cristo Rei. Cozinheiro e experiente no trato com carnes e peixes, ele é o responsável pelo preparo dos caldos. A piranha, peixe carnívoro de água doce, chega embalada ao bar curitibano via fornecedor do Mato Grosso (MT). O pedido chega a 50 quilos por ano, com média de venda de 100 unidades mensal no verão. No inverno chega a dobrar a comercialização.

Para se fazer o caldinho da piranha são dois dias de preparo. A pior parte é a retirada dos espinhos que precisa ser extremamente cuidadosa. “Chega embalada como filé e a cabeça separada. Ferve a cabeça, tira o caldo e desfia a carne da piranha. Para tirar o espinho, vai um dia e meio, é muito espinho. Temperamos com tomate, cebola, pimentão e alguns segredinhos”, brincou o Gaúcho que também faz o preparo das carnes que são vendidas aos domingos, e outros caldos como mocotó, dobradinha, moela ao molho madeira, feijão, canja, ervilha e quenga (caldo feito de mandioca batida, frango desfiado, calabresa e bacon).

As porções são individuais de 400 ml, acompanhadas de torradas e farinha. O valor, conferido pelo Caçador de Botecos em março de 2024, é de R$ 20 nas terças-feiras de todos os caldos, e nos outros dias variam de R$ 22 a R$ 25, a depender da caldo pedido.

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Cantinho da Cirrose 

A combinação perfeita com o caldo depende do cliente. A dica é aceitar a sugestão do Rodrigo e da Gabi ou mesmo da turma que fica no balcão, apelidada carinhosamente de Cantinho da Cirrose. “Já tem o público cativo no cantinho da cirrose, uma faixa etária acima dos 40 anos. É muita história de vida, um aprendizado diário. Eu pensei que nunca mais iria falar o idioma francês com alguém, e falo aqui. É gratificante”, admitiu Emerson que tem como cliente o Gralak, zagueiro dos bons que atuou no Paraná, Coritiba, Corinthians e Bordeaux, tradicional equipe do futebol francês. 

Perfeito para curar a ressaca, dar um gás no romance e faz bem para a saúde. Viva o caldo, viva o Bar do Giraldi! 

Bar Giraldi

Endereço: Rua Schiller, 200 – Cristo Rei,Curitiba

Funcionamento: terça a sexta das 15h às 22 horas

Sábado: 10h às 21 horas ( Feijoada)

Domingo: 10h às 15 horas ( Assados e Filé à Parmegiana)

Instagram: bargiraldi

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O Bar do Giraldi foi uma sugestão do coxa-branca André Medeiros. Acesse o Instagram do Guga Caçador de Boteco e vamos combinar uma caçada do bem. Siga lá no Instagram ou TikTok. Bora lá?

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