Vozes do Golpe – Parte 4

A relação entre a Igreja e o regime militar brasileiro sempre foi delicada: existem os relatos de apoio e os comentários de combate à ditadura. Batismo de sangue, lançado em 1983 e transformado em filme em 2007 (com Caio Blat como protagonista), é a memória de Frei Betto sobre os momentos em que ele e outros frades apoiaram a Aliança Libertadora Nacional, comandada por Carlos Marighella.

Frei Betto e seus amigos não só estavam ideologicamente ao lado da Aliança como também ajudaram a estruturar logisticamente os guerrilheiros. O grupo de religiosos precisou se dissolver para escapar das investigações do governo brasileiro, mas, mesmo cada um dos frades tendo ido para um local diferente, Frei Betto e seus amigos foram encontrados e interrogados pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). À exceção de Tito, que acabou se suicidando anos mais tarde, todos os frades foram presos e condenados a quatro anos de prisão.

O livro, que recebeu o Prêmio Jabuti, foi um importante relato da história brasileira e, assim como O Que é isso companheiro? (do qual já falamos em Vozes do golpe – Parte 1), de Fernando Gabeira, coloca em pauta a presença da população brasileira no combate aos anos de chumbo. Com uma linguagem acessível e contextualização histórica, Batismo de sangue permite ao leitor compreender o que foram os anos de regime militar.

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