Considerado o sucessor de Stieg Larsson (1954 – 2004), o norueguês Karl Ove Knausgård tem provocado burburinhos ao redor do mundo e, claro, no Brasil. Considerado um dos maiores ficcionistas dos nossos tempos, Knausgård diz que perdeu a fé em qualquer coisa que não for ensaios ou escritos autobiográficos.
O desejo de autoficcionar-se foi resolvido com o lançamento, a parti de 2009, de seis volumes de um romance autobiográfico, intitulado “Minha luta” – isso mesmo: o mesmo nome dado ao livro escrito por Hitler e que serviu como alicerce para o ideário nazista. Apesar da infeliz semelhança, a obra de Knausgård nada a tem a ver com o podre escrito alemão.
A série, que já foi comparada aos sete livros de “Em busca do tempo perdido”, de Proust (1871 – 1922) – que em breve deve ganhar nova tradução no Brasil -, começa com “A Morte do pai”, um delirante relato da juventude do autor, em uma mistura hipnotizante da plasticidade de Derek Jarman (1942 – 1994) e da rememoração proustiana.
O segundo voluma da hexalogia, se é que pode ser chamado assim o conjunto de livros, deve sair no próximo dia 26 e se chama “Um outro amor”. O relato da paternidade, que parece uma oposição às suas ambições no universo da literatura, ganha forma proporcional a crise em que está o seu segundo casamento. Como toda a produção do autor, não existe fronteira entre o real e o imaginário e tudo passa a receber um novo significado. Milhares de significados.
O terceiro volume, que em inglês foi lançado como “Além da ilha”, acaba de chegar à Inglaterra e deve receber uma tradução para o português ainda neste ano.