Thomas Pynchon nunca aparece. Ninguém sabe quem ele é – e qual seu rosto. Ninguém nem sabe se ele se chama Thomas Pynchon, realmente. Vá ao Google e digite: T-H-O-M-A-S-espaço-P-Y-N-C-H-O-N. Eu sei, vão aparecer fotos dele vestido de marinheiro, como esta ao lado, e um retrato três por quatro. Mas quem garante? Eu não.

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Considerado um exemplo de reclusão, deixando Dalton Trevisan e J. D. Salinger no chinelo, o escritor norte-americano é famoso pelos seus livros de trama complexa em que mistura circunstâncias históricas, ficção, matemática e questões científicas. Muito mais comentado que lido, Pynchon é tão temido quando o irlandês James Joyce e figura no panteão das lendas vidas da literatura contemporânea.

Não é à toa que o blog Pynchon in Public Day (www.pynchoninpublic.com) tem convidado seus leitores (do blog) a enviar evidência de que o autor está entre nós. Não espere nenhum sinal de vida do ermitão: o que o site se propõe é demonstrar que ler Pynchon está muito longe de ser uma anomalia. A coisa toda é muito simples, basta enviar uma foto, um podcast ou qualquer interação com livro do escritor.

O conceito é interessante por dois motivos. O primeiro é o mais simples e óbvio: difunde a obra e leitura de um autor que, por escolha própria, se afasta de seus leitores. Em segundo plano, está a intervenção artística, que consiste em deixar que os livros de Pynchon façam parte do painel urbano. Sem perceber, isso é tão simples, inevitável e já começou.

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P.s.: Diz a lenda que Pynchon completou 77 anos no último dia 8. Parabéns a ele – e a quem o lê.