Clarice Lispector faria 93 anos ontem. A data passou despercebida. Na segunda, completaram-se 36 anos sem ela. A data também passou sem grandes movimentações. Apesar de ter nascido em Chechelnyk, na Ucrânia, Clarice foi, sem dúvida, a maior escritora brasileira. Conhecida por sua prosa metafísica e atemporal, ela arrebatou um séquito de fãs ao redor do mundo.
Mas nem tudo foram flores durante a sua passagem pela Terra. Clarice, que hoje é reverenciada, passou por dificuldades financeiras após se separar do diplomata Maury Gurgel Valente, o que a faz escrever as colunas do “Correio feminino” no jornal Correio da Manhã e que se transformou, recentemente, em um quadro do “Fantástico”.
Mística, Clarice tem se transformado em um mito na literatura brasileira e o problema dos mitos é o panteão em volta deles, ou seja, cria-se uma barreira que impede de se chegar o mais próximo possível destes seres míticos. Clarice é menos hermética do que se pensa e mais popular do que se imagina. Sua leitura e sua literatura são densas, mas a recompensa é proporcional à dedicação.