O ano novo chegou, já está ficando velho e as editoras já começam a preparar os lançamentos desse ano. Alguns vão atrasar, devo dizer, por isso, não vou nem me ater aos possíveis meses em que chegarão às lojas. Algumas das obras também não são inéditas, como é o caso de Beautiful losers, do canadense Leonard Cohen – que, para mim, já está lista de “desejos” desde que chegou ao Brasil seu primeiro romance, A Brincadeira favorita, em 2012.
Infinite jest – David Foster Wallace (Companhia das Letras)
Lançado originalmente em 1996, o livro é considerado a obra-prima do escritor norte-americano morto em 2008. Comparado ao Ulysses, de Joyce, Wallace se vale da narrativa polifônica e das diversas modalidades de narrativa para compor o seu discurso sempre entremeado por referências eruditas e pops. A tradução do livro está a cargo do curitibano Caetano Galindo.
NW – Zadie Smith (Companhia das Letras)
Famosa por seu “10 mandamentos do escritor”, Zadie Smith é conhecida também pelos livros experimentais e com narrativa fracionada, misturando narradores e criando uma polifonia diferente do que se vê por aí. NW guarda, assim como Infinite jest, muitas semelhanças com a prosa joyceana, como criar diálogos em forma de peça teatral. A obra é considerada uma das melhores de 2012.
Beautiful losers – Leonard Cohen (Cosac Naify)
Segundo e última incursão de Cohen pela prosa, o livro foi escrito durante a década de 1960, nos meses em que o autor ficou na ilha grega de Hydra. Beautiful losers, publicado em 1966, nunca tinha recebido uma edição brasileira. Com tradução de Alexandre Barbosa de Souza, responsável por A Brincadeira favorita, o livro se vale do zeitgeist dos anos 60 e aproveita a mitologia – tão presente na obra poética e musical de Cohen – para construir um enredo rico, misturando prosa e poesia.
Novo romance de Chico Buarque (Companhia das Letras)
O sucesso de Leite derramado (2009) está cotado para sair esse ano, porém, Chico está envolto em mistério com novo livro. Não se sabe nada a respeito do enredo, mas é quase certo que se trata de um romance ou novela.
Novo romance de Ian McEwan (Companhia das Letras)
Seguindo a tradição, em 2014 deve chegar às prateleiras o novo livro do escritor britânico Ian McEwan. Diferentemente do que aconteceu com títulos como Solar (2010), Serena (2012) ou Reparação (2002), o autor não deu pistas do que pode ser seu novo trabalho. O grande trunfo de McEwan é envolver seus livros em um período histórico importante, o que gera uma pesquisa volumosa e coloca o leitor em um terreno seguro. Com a nova empreitada não deve ser diferente. É esperar para ver.
Formas de volver a casa – Alejandro Zambra (Cosac Naify)
Focado no período ditatorial de Augusto Pinochet, o romance brinca com a verdade, mas não verdade histórica e sim os fatos que são contados em casa pelos pais e que os transformam em cúmplices das barbáries que general comentou no Chile. Terceira obra de Zambra, Formas de volver a casa recebeu o Premio Altazor e também o Premio del Consejo Nacional del Libro de Chile em 2012.
A desumanização – Valter Hugo Mãe (Cosac Naify)
Nascido na Angola, Hugo Mãe se tornou uma das vozes mais presentes da literatura em portuguesa, principalmente, após conquistar, em 2012, o Portugal Telecom de Literatura com A Máquina de fazer espanhóis (2011). O escritor, que foi chamado por Saramago (1922 – 2010) de tsunami literária, coloca em xeque a linguagens, transubstanciando o poder de síntese e criando formas novas de evoluir a narrativa.
Colorless Tsukuru Tazaki and His Years of Pilgrimage – Haruki Murakami (Alfaguara)
Sempre entre os mais cotados para receber o Nobel, Murakami volta com a tônica da rejeição. Após a sua bem sucedida trilogia 1Q84, o autor japonês conta a história de Tsukuru Tazaki que chega a maturidade sem saber o porquê seus, amigos o abandonam. Ele precisa “resgatar” cada uma dessas pessoas para conseguir colocar seu plano em prática. Além de visitar cidades no Japão, Tazaki vai ao estrangeiro para rever seu passado. Em apenas sete dias, o livro vendeu mais de 1 milhão de cópias na Terra do Sol Nascente.
O Beijo de Schiller – Cezar Tridapalli (Arte e Letra)
Vencedor do Prêmio Minas Gerais de Literatura de 2013, na categoria ficção, Tridapalli conta a história de escritor que, durante um sequestro, escreve um romance sobre um arquiteto e suas crises emocionais. O Beijo de Schiller não é o primeiro Tridapalli, mas já é considerado uma das maiores promessas da literatura paranaense.
Em busca do tempo perdido – Marcel Proust (Penguin)
Prometido para 2013, a nova tradução tem sido uma das mais esperadas de todos os tempos. A principal questão é de que se a transposição feita por de Mario Sergio Conti atingirá a perfeição como nas edições anteriores, lançadas pela Globo, que contava com Mário Quintana, Manuel Bandeira e Lúcia Miguel Pereira.