Não é ser grosseiro, mas tem coisas que não merecem ser lidas. Ao meu ver, os maiores engodos da literatura mundial atendem pelo nome de Sidney Sheldon (1917 – 2007) e Nora Roberts. Ambos são campeões de vendas e possuem leitores – para não dizer seguidores – em todos os cantos do globo, o que não faz a menor diferença, já que os méritos literários – se é que existem – de cada um deles são totalmente discutíveis.
Sheldon era americano e viveu o suficiente para ver seu nome ser içado na TV, no cinema e, claro, na literatura. Qual o problema? A qualidade de seus textos é rasa e, apesar de afirmar que cada obra era fruto de um extenso trabalho de pesquisa, pouco pode ser extraído de livros como Nada dura para sempre (1994) e O Outro lada da meia-noite (1973). Ler Sheldon levanta a seguinte questão: lê-lo é melhor do que não ler nada? Não tenho a resposta, mas é verdade que existem opções melhores.
No começo dos anos 2000, algumas escolas particulares chegaram a adotar os livros do autor como leitura obrigatória. Não demorou muito para que a qualidade de ensino dessas instituições fosse questionada. O escritor Raimundo Carrero disse na época que a melhor escolha, nesse caso, são os clássicos universais, algo que Sheldon jamais será. Assim como Dan Brown, seus livros possuem fórmulas prontas, em que tudo segue um roteiro – o qual não é muito difícil de imaginar o final.
A literatura, diferentemente do que acontece nos enredos criados pelo norte-americano, deve despertar o leitor para uma nova consciência e não apenas entretê-lo sem motivo algum, sem propósito. A literatura é uma das expressões de arte, portanto, se não há o que expressar não é arte. Acho extremamente engraçado ao ver nas livrarias livros com o nome de Sidney Sheldon grafado em letras garrafais e logo abaixo “e Tilly Bagshawe”, uma jornalista contratada pelos herdeiros do escritor para terminar projetos que ele havia começado. Essa safra já rendeu quatro obras: A Senhora do jogo (2009), Depois da escuridão (2010), Anjo da escuridão (2012) e Sombras de um verão (2013). A qualidade também é discutível, mas agora é ainda pior, já que não se sabe até que ponto Sheldon realmente trabalhou nesses enredos.
E a senhora Roberts? Bem, dela falarei no próximo sábado.
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