Nem romances “água com açúcar” e tampouco thrillers impossíveis. O livro a encabeçar a lista dos mais vendidos é apenas um livro para colorir: Jardim secreto, de Johanna Basford. E em segundo lugar o que vem? Outro livro de Basford: Floresta encantada. As duas publicações foram lançadas no Brasil pela editora Sextante, responsável por colocar no mercado nomes como Dan Brown – agora editado pelo selo Arqueiro -, Paulo Coelho e Douglas Adams, autor de O Guia do mochileiro das galáxias.

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A febre pelos livros de Basford é tamanha que as vendas de obras gênero, antes destinado a crianças e adolescentes, aumentaram como há tempos não acontecia. De acordo com o Publishnews, Jardim secreto vendeu (somente entre 06 de abril e 12 de abril) pouco mais de 35 mil cópias.  Já Floresta encantada teve 34 mil livros vendidos. Ou seja, em apenas uma semana Basford vendeu quase 70 mil cópias no Brasil.

Para se ter uma ideia do que isso significa, Se eu ficar, de Gayle Forman, o livro de ficção mais vendido no mesmo período, teve pouco mais de 2,2 mil unidades comercializadas. Em segundo lugar está outro livro de Forman: Para onde ela foi, que vendeu 1,5 mil cópias. O best seller Cinquenta tons de cinza vendeu 1,4 mil livros e aparece em 4° no ranking de obras de ficção.

Somando as vendas dos três títulos não se chega a 10% do que os dois livros de Basford venderam na semana. . Aos poucos, os livros com mandalas e outros desenhos variados estão deixando as estantes infantis e ganhando destaque dentro de livrarias.

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Nos sites das maiores redes de varejo também é possível encontrar banners com links para as obras do gênero.

Remédio?

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O fenômeno criou até um novo gênero: livros de colorir para adultos. Para muitos leitores esses livros funcionam como uma ferramenta para espantar o cansaço do dia a dia agitado e deixar de lado o estresse.

A estudante de arquitetura Arianny Ortolan ganhou de presente um dos livros e percebeu que havia algo diferente ali. “Comecei porque gostei da ideia. Sempre gostei de arte, desenho, pintura, lápis de cor. Para mim isso sempre foi algo relaxante, e um estímulo a criatividade também”, comentou.

Já Ariane Mangueira, estudante de design, vê o livro como diversão. “Quando eu era criança sempre imprimia desenhos ou pedia para que minha mãe imprimisse”, disse. Para a estudante, a melhor parte é a hora em que se escolhem as cores. “Fico empolgada na hora de escolher as cores. Sempre faço diferente”.

Para a psicóloga e psicopedagoga Ingrid Schulze, quase todas a ideias podem expressadas em forma de desenho e cores, por isso, a atividade de colorir é tão interessante. “Para as crianças ajuda no desenvolvimento da coordenação motora, linguagem escrita, criatividade, além do prazer de mergulhar na fantasia de criar. Para os adultos, pode ser uma atividade anti-estresse, proporcionando uma volta ao mundo infantil, relembrando bons momentos, o que por consequência gera relaxamento”, explicou Ingrid.

Hábitos de leitura

A nova onda “literária” vem junto com os dados de uma pesquisa a respeito dos hábitos de leitura dos brasileiros. O levantamento realizado pela Federação do Comércio do Rio de Janeiro apontou que 70% dos brasileiros não leu um livro sequer no ano passado. O consumo de livros também foi reduzido em 35%, de acordo com a pesquisa.

O 1° Painel das Vendas de Livros do Brasil, realizado em 1º de abril pelo Instituto de Pesquisa Nielsen e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), demonstrou que, de janeiro a março deste ano, o faturamento do setor caiu 5%. Apesar do decréscimo, os números ainda ficaram abaixo da inflação no mesmo período, que chegou a 8%.