A inquietude é a única força capaz de mover a literatura. O escritor norte-americano Jonathan Safran Foer é a prova disso. Depois de criar o livro-objeto Tree of codes – que nada mais é do que uma narrativa composta por recortes de palavras de Street of crododiles (Rua dos crocodilos), de Bruno Schulz -, ele resolveu imprimir seus textos em copos descartáveis de uma rede de comida mexicana.
A ideia surgiu durante uma parada rápida num restaurante e, para passar o tempo enquanto esperava seu prato chegar, Foer começou a criar pequenos textos que coubessem naquele espaço, no mínimo, inusitado. As sacolas da rede também receberam os textos do escritor e de Malcolm Gladwell, Toni Morrison, George Saunders e Michael Lewis.
Foer sempre foi um visionário, deixando claro que a literatura e a arte precisam caminhar lado a lado, seja no que diz respeito à linguagem ou ao suporte usado. Além de tudo, há a grande questão: a boa literatura, mesmo impressa em uma plataforma tão cotidiana, se transforma em algo descartável? Certamente, não. Pensar a literatura em copos plásticos e sacolas é colocar em xeque os formatos mais modernos e buscar a essência do “fazer literário”, cada vez mais abandonado pela literatura comercial e pasteurizada.