Literatura e política

Não existe literatura apolítica: só o fato de não se tomar partido já é (olhem só) uma forma de tomar partido. O argentino Jorge Luís Borges (foto) pagou por apoiar o Peronismo (movimento a favor do presidente populista Juan Domingo Perón) – muitos dizem que isso lhe custou o Nobel de Literatura até. O brasileiro Joaquim Nabuco se tornou famoso pela sua literatura abolicionista. O colombiano Gabriel García Márquez atraiu para si a atenção de todo o mundo por ser amigo íntimo do ditador cubano Fidel Castro.

E quem acha que os escritores contemporâneos têm se calado sobre política está completamente enganado. As redes sociais, mais do que nunca, são a ferramenta predileta para que eles possam expressar seus pensamentos políticos. O que antes era feito por meio de manifestos, cartas e artigos em jornais, agora tem se transformado em um post no Facebook ou um comentário de 140 toques no Twitter. E qual a diferença? O alcance.

A maior prova do poder da internet entre os beletristas foi o movimento que tomou conta das ruas de todo o Brasil no ano passado. Não foram poucos os escritores que tomaram uma posição e transformaram timelines em verdadeiros panfletos de propaganda. Ao contrário do que muita gente tem dito por aí, a literatura contemporânea é feita de massa pensante, de gente que tem uma posição. Seja você contra ou a favor do que é dito, vale muito saber e discutir o que é dito, levantando um debate que coloca o Brasil em pauta.

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