Ao lado de Ian McEwan e Philip Roth, o escritor norte-americano Jonathan Franzen é um dos poucos a conseguir conquistar público e crítica. Depois de anunciar que seu novo livro, Purity, sairá nas terras do Tio Sam em setembro, o frisson em cima do novo romance já começou. Liberdade, lançado em 2010 e sua obra mais recente, esteve nas listas de mais vendidos de todo o mundo, inclusive no Brasil.
Franzen é, acima de tudo, um escritor que sabe o que o seu leitor deseja. Conhece os caminhos pelos quais seu público caminha e não faz questão de abrir mão disso. Típico narrador americano, o escritor é um cronista da classe média, uma espécie de parabólica dos anseios de uma classe massacrada pelos impostos e pelas mazelas de uma nação dividida – algo muito semelhante ao que acontece no Brasil com nomes como Bernardo Carvalho e Daniel Galera.
Por mais que as histórias de Franzen se percam dentro do contexto dos Estados Unidos, As Correções e Tremor são bons exemplos de criação sem pretensão de ser grande, mas que acaba ganhando uma dimensão maior do que se espera. Ainda assim – e por incrível que pareça -, a melhor narrativa de Jonathan Franzen é a da sua própria vida.
Zona do desconforto é, talvez, seu livro menos conhecido no Brasil, entretanto, é o mais soberbo. O autor conseguiu com ele algo que ficou aquém em todos os livros anteriores: não se perder na irrelevância da banalidade. Mesmo retratando um cotidiano normal e sem grandes feitos, o escritor segura a batuta com maestria e leva o leitor para dentro do quarto em que foi criado e faz com que ele participe das aventuras mais insólitas para qualquer adulto moralista e conservador.
Obviamente, Franzen teve uma infância muito menos interessante que Oliver Twister ou Huckleberry Finn, mas ainda assim vale a pena ser lido.
Novo livro
Sem data certa para chegar ao Brasil, Purity já chama a atenção de jornalistas e leitores nos EUA. Anunciado como “stylistic departure”, o livro promete quebrar o padrão conhecido de Franzen. Ainda assim, não deve ser nada muito radical, ao que consta.
Nicholas Pearson, responsável por editar o livro no Reino Unido, disse que Purity é a história de uma jovem mulher, que apesar de forte, busca pelo pai que nunca encontrou. A mulher em questão se chama Purity e acaba caindo em uma jornada íntima e intrincada.