Harper Lee, autora de “O Sol é para todos”, publica o primeiro livro em 55 anos

Reclusa e enigmática, a escritora norte-americana Harper Lee nunca esteve interessa em holofotes – nem mesmo após a publicação de O Sol é para todos, 55 anos atrás. Assim como J. D. Sallinger, Harper se manteve “fiel” à sua obra-prima, rejeitando tudo o que teria feito depois dela. Por isso o anúncio de seu segundo romance, já aos 88 anos, chamou tanto a atenção de leitores e críticos.

Get set watchman – “se apronte, sentinela”, em tradução livre – estava escrito desde os anos 1950, mas Lee se mantinha relutante em publicá-lo. Durante a década seguinte, quando O Sol é para todos já havia se tornado um best seller e recebido o Pulitzer, rumores de que havia uma continuação para a obra criaram verdadeiras corridas ao pote de ouro.

Após anunciar o lançamento, Lee declarou que não se lembrava do manuscrito do ‘novo’ livro e se disse surpresa quando uma amiga o encontrou. “Depois de muito esforço e hesitação, eu compartilhei [o texto] com algumas pessoas que confiou e foi muito agradável ouvir que consideravam que o livro valia a pena ser publicado”, disse a autora.

Questões raciais

O Sol é para todos se passa nos anos 30 e conta a história de uma família pouco convencional para a época: um pai, o advogado Atticus, e os filhos Scout e Jeam. O trio vive uma vida normal na cidade provinciana – e fictícia – de Maycomb que acaba se dobrando às questões raciais da Grande Depressão.

A situação muda quando Atticus um negro acusado de estupro. Esse é o estopim para que a cidade se volte contra a família e comece a persegui-la. O assombro que toda essa ‘virada de mesa’ social é contada por Scout – que retorna no novo livro. Para o escritor Cadão Volpato, a obra de Lee é um dedo na ferida dos Estados Unidos.

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