Crítica: “Rebelde”, de Bernard Cornwell

Se a ficção histórica se transformou em uma coqueluche mundo a fora parte da “culpa” deve ser carregada por Bernard Cornwell, um dos mais bem-sucedidos autores do gênero. Considerado uma autoridade na história dos Estados Unidos, Cornwell é também colecionador de mapas antigos – mapas que muitas vezes fornecem os cenários para seus livros, como no caso de Rebelde (Record, 392 págs., R$ 45), o primeiro volume de da série As Crônicas de Starbuck, e que fornece uma ideia geral do que foi a Guerra da Sucessão (1861 – 1865).

Sob a atmosfera beligerante que fez com que o sul e o norte dos Estados Unidos se rebelassem e protagonizassem uma das maiores matanças no país, o jovem Nathaniel Starbuck se coloca contra a vontade de seu pai, o reverendo Elial Starbuck, terminando abandonado pela família e pela esposa. Entre a culpa e o idealismo, ele chega a Richmond, no estado da Virgínia, onde é capturado e aprisionado por nortistas.

Somente após ser resgatado por um milionário excêntrico, Washington Faulconer, Starbuck decide lutar. Alistado na Legião Faulconer, o jovem, grato ao estranho comandante, acaba por levantar a espada contra o seu próprio povo, os exércitos do norte, que tem no pai de Nathaniel uma figura eminente e poderosa.

Como o personagem de James Dean (1931 – 1955) em Juventude transviada (1955), Nate Starbuck é um jovem em busca da sua própria natureza e a única forma de encontrá-la é confrontando as suas verdades. Portanto, a luta contra o pai é, até certo ponto, um exemplo do Complexo de Édipo, materializado inconscientemente e muitos anos antes que ele surgisse.

Rebelde com causa

Lançado originalmente em 1993, Rebelde levou quase duas décadas para chegar no Brasil, um atraso injustificável para os leitores. Na verdade, Cornwell faz parte da seleta galeria de escritores que não têm leitores, mas fãs. Durante sua passagem pelo Rio de Janeiro, em 2010, para a Bienal do Livro, ele foi recebido como um “rock star” – algo que surpreendeu o próprio Cornwell.

Em certa medida, as sagas criadas pelo escritor tratam de heroísmo e batalhas, duas fantasias da mente humana e que fornecem as mais primárias ambições. Pontuando entre “licenças poéticas” e fontes históricas, Cornwell cria uma verdadeira simulação da realidade, simulação que capta o leitor e o transforma em ouvinte de uma narração lendária.

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