Crítica: “Que fim levou Juliana Klein?”, de Marcos Peres

Infelizmente, Curitiba não é mais aquela de Dalton, das praças e dos pombos, de Joãos e Marias, das balas Zequinha. Curitiba amadureceu e não mais só uma cidade de “comédias de costumes”, ela já permite aventuras mil. E aí inclui-se também a rivalidade shakespeariana entre duas famílias responsáveis pelos departamentos de filosofia de importantes universidades.

Esse é o plot de Que fim levou Juliana Klein? (Record, 352 págs., R$ 40) de Marcos Peres, romance lançado recentemente pelo vencedor do Prêmio São Paulo. No livro, Klein e os Koch transformaram as faculdades em uma verdadeira extensão de seus clãs, transportando seu ódio mútuo aos alunos.

Que fim levou Juliana Klein? é recheado de referências filosóficas, sobretudo Nietzsche. O filósofo alemão é a obsessão de Juliana – mas também seu fim. Quando o delegado Irineu de Freitas vem de Maringá a Curitiba para investigar o caso, o desaparecimento da professora de filosofia ganha uma questão pessoal.

Eis o homem

A frase dita por Judas para mostrar que era Jesus é também a pista para que Irineu vá montando seu quebra-cabeças. A história não é linear e atravesa décadas, remexendo o passado dos personagens.

Peres é “discípulo” de Borges e usa o argentino como modelo narrativo – ainda que menos místico. As mortes no decorrer do livro são pouco mais que um acordo macabro entre assassino e vítima, porém conseguem prender o leitor e ajudam a criar o thriller.

O poder de persuasão do autor já podia ser visto no seu primeiro livro, O Evangelho segundo Hitler, e se confirma em Que fim levou Juliana Klein?. Mas não se sinta enganado, caro leitor, a tarefa de todo escritor é brincar com os olhos e a mente de quem o lê.

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