Crítica: “Dance dance dance”, de Haruki Murakami

Quem passa em frente a uma livraria por volta das 22h e vê uma fila imensa, de dobras a esquina, logo imagina que todas aquelas pessoas estão ali para conseguir o novo livro de algum autor juvenil do momento ou de um escritor best-seller “água com açúcar”. Ou podem ser os leitores de Haruki Murakami.

O escritor japonês é um dos poucos a conseguir o respeito da crítica e, ainda assim, ter uma legião de seguidores ao redor do mundo. E no Brasil não é diferente – mesmo que a proporção seja menor. Prova disso? Os constantes (re)lançamentos das obras mais antigas de Murakami. Dance dance dance (496 págs., R$ 49,90), publicado originalmente no Japão em 1988 e que ganhou sua primeira edição brazuca em 2005, acaba de integrar a coleção da Alfaguara, responsável pelo escritor por aqui.

O livro é uma espécie de continuação de Caçando carneiros e marca a busca de um homem sem nome pela namorada que desapareceu no primeiro livro. Como de praxe, Murakami mistura o fantástico ao cotidiano. Situações prosaicas como ouvir música ou cozinhar ganham importância dentro da narrativa e funcionam como um trampolim para situações bem menos comuns.

Ainda que não seja propriamente um thriller, Dance dance dance brinca com os clichês da literatura policial e estabelece um roteiro sinistro – como se fosse o diário de uma busca frenética. O protagonista define a si mesmo como um “limpa-neve cultural” e se envolve com mulheres misteriosas e também com uma garota de 13 anos. O que existe entre os dois não é exatamente claro, mas Murakami não é dos escritores mais óbvios.

Quebra-cabeça

O Homem-carneiro, personagem-chave de Caçando carneiros, reaparece. O Hotel do Golfinho também surge novamente (embora não seja mais o mesmo). Esses elementos são peças secundárias em um quebra-cabeça surrealista e ajudam a criar um ambiente conhecido do leitor.

Murakami estabelece um diálogo íntimo, às raias da amizade com seus leitores. Isso explica o sucesso do site que criou para aconselhar seus habituées. 

Leia aqui um trecho do livro

Leia a crítica de “O Incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação”.

Leia a crítica de “Sono”.

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