Crítica: “A Canção brasileira”, de Santuza Cambraia Naves

O cenário atual da música brasileira – aquela que toca nas rádios populares – parece desconexo com a função social da arte que, por décadas, exerceu. Os anos de chumbo ajudaram a criar uma classe artística resistente à censura. Os agitadores da Semana de Arte de 1922 deram o pontapé inicial para que a música se modernizasse e deixasse ‘a vala comum’.

A Canção brasileira (Zahar, 208 págs., R$ 54,90), da antropóloga Santuza Cambraia Naves, morta em 2012, levanta o debate sobre o papel da música dentro do cenário político e social brasileiro. Seria a música um reflexo da formação do povo ou a formação do povo é que dita a música? É difícil chegar a uma conclusão, mas a retórica é real nos dois sentidos.

Santuza cria uma espécie de colcha de retalhos em cada um dos ensaios, indo de Villa-Lobos ao rap, passando por Chico e Caetano. O prisma é amplo e permite compreender a suntuosidade da cultura brasileira – capaz de abraçar as mais diferentes vertentes e expressões artísticas.

Cartão de visitas

A música funciona como palanque e é também um cartão de visitas – a quem vem de fora ou aos que estão inebriados por algum obscurantismo midiático. Carmem Miranda se tornou sinônimo de Brasil, mas o mesmo aconteceu com o movimento tropicalista na década de 1960. Entre eles, Tom Jobim e Vinicius de Moraes foram responsáveis por colocar jazz no samba – ou seria samba no jazz? – e criar a bossa nova.

Os cem anos de história abraçados por A Canção brasileira são um breve recorte que funcionam como ferramenta fundamental para se compreender o Brasil e sua arte. 

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