Já adianto: não há uma fórmula. Se você espera uma metodologia mágica que fará devorar os sete volumes de Finnegans wake (1939), do irlandês James Joyce (1882 – 1941), pare por aqui, pois isso não existe e, espero eu, nunca existirá – afinal, ler não deve nunca ser uma atividade mecanizada e “industrial”, ou seja, não importa quantos livros são lidos, mas quais são.

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Então, o primeiro passo para ler é o mais óbvio possível: escolher um livro. Mas como – você deve estar perguntando? Tenha em mente os autores ou estilos de literatura que você gosta e crie listas de autores relacionados. Por exemplo, quem leu Liberdade (2011), de Jonathan Franzen, provavelmente se sentirá à vontade para, literalmente, matar as 528 páginas de A Viúva grávida (2011), de Martin Amis que é amigo de Ian McEwan – o que transforma seu poderio de leitura em um verdadeiro arsenal.

Conhecer o mínimo sobre a vida do autor é fundamental. Não são poucas pessoas que se iniciaram na poesia ao ter em mãos Ariel (1965), escrito pela problemática Sylvia Plath (1932 – 1965), e que só chegaram até a autora por conta do seu notório suicídio, brilhantemente recontado em A Mulher calada (2012), da jornalista Janet Malcom. Nessa caso há ainda um agravante, o livro de Malcom faz parte de uma coleção chamada “Jornalismo literário”, o que pode fazer um leitor atento desembocar em gente de peso como Gay Talese, Trumam Capote (1924 – 1984), Joel Silveira (1918 – 2007) e Zuenir Ventura.

Velocidade e ritmo

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Há quem diga e faça aquela propaganda do “ler mais rápido”. Quem disse que a leitura deve ser rápida? A leitura deve ser, antes de tudo, prazerosa, por isso, cada palavra deve ser saboreada. Pense que você está comendo o seu prato preferido, você abocanha tudo de uma vez e não sente o gosto de nada? Não – ao menos eu espero que não, caso sua resposta tenha sido “sim”, você está no caminho errado.

Digo isso porque muitos escritores empregam ritmo em suas frases e criam um determinado efeito com a leitura. Não adianta nada ler o poema Trem de ferro de Manuel Bandeira (1886 – 1968) de forma atropelada, sem dar asas à atmosfera pensada pelo poeta e que culminou na escolha de cada palavra. Isso não significa que toda leitura é lenta e exige um nível absurdo de contração. Prova disso é O Cheiro do ralo (2002), de Lorenço Mutarelli, que, por conta da estrutura do livro, permite uma leitura rápida e certeira.

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Prêmios

Outra forma bacana de descobrir novos autores é ficando de olho nos prêmios. E não falo só do Nobel. Para autores de língua portuguesa é sempre interessante checar a lista dos finalistas do Prêmio Portugal Telecom, que já teve entre os vencedores o curitibano Dalton Trevisan, o português Valter Hugo Mãe e o brasileiro José Luiz Passos.

O Prêmio Sesc de Literatura também tem revelado gratas surpresas, como a escritora gaúcha Luísa Geisler, que aos 19 anos, faturou o prêmio com Contos da mentira (2010) e no ano seguinte com o romance Quiçá. Nada mais natural que, em 2012, ela figurasse na – tão comentada – edição da Granta com os melhores jovens escritores brasileiros.

 Percebeu que eu não quis criar um manual? Porque não há um. Cada um estabelece a sua forma de lidar com literatura e a leitura, aliando o tempo disponível com as preferências. Ler deve ser, como eu já disse, um prazer, nunca uma obrigação.