O centenário de Julio Cortázar (1914 – 1984) foi no ano passado, mas as comemorações parecem não ter fim. Ao invés dos cem anos do autor de O Jogo da amarelinha, o que parece chamar a atenção agora de tantos leitores e admiradores do escritor argentino é a sua história de amor com Carol Dunlop (1946 – 1982), sua segunda mulher. Um amigo do casal afirma que ambos morreram de aids, doença contraída inicialmente por Cortázar em uma transfusão de sangue. Ainda que seja uma incógnita, a morte de Osita, como era chamada pelo marido, devastou o escritor.
A história de amor entre os dois romancistas – Dunlop também era escritora – serviu como base para que o cineasta canadense Tobin Dalrymple recriasse os últimos anos do casal. Apaixonado pela literatura argentina, Dalrymple usou a obra de Cortázar para se recompor após o fim de um relacionamento. “Naquele momento li Os autonautas da cosmopista e fiquei tão inspirado pelo amor de Julio e Carol que resolvi buscar respostas”, afirmou ao jornal “O Globo”. O resultado dessa busca é o documentário Julio & Carol, que foi dirigido em parceria com Poll Pebe Pueyrredón e conta com depoimento de pessoas próximas ao Cortázar e Dunlop.
A produção, além das surpresas biográficas, guardou a Dalrymple e Pueyrredón a singela honraria de encontrar Fafner, a Kombi usada pelo casal para percorrer a estrada que liga Paris a Marselha. A aventura deu origem ao livro Os autonautas da cosmopista, publicado pouco antes da morte de Carol. A ideia dos cineastas é reformar a van, que estava “esquecida” em uma garagem, e colocá-la para rodar novamente.
O projeto foi custeado por financiamento coletivo e custou perto de R$ 40 mil reais. A produção passou por Paris, onde o Cortázar e a esposa moravam, Buenos Aires, Zurique e Montreal. Quem quiser conhecer mais o projeto pode acessar os sites Love Drive, Julio & Carol e IndieGogo.