Quem frequenta livrarias com uma certa assiduidade vai perceber que, em muitos casos, as estantes mais cheias não são as de literatura, poesia ou livros técnicos, mas sim as de autoajuda. O gênero tem rendido às editoras muito dinheiro e um público fiel, sedento por descobrir os segredos e os meandros da existência humana. Mas pensando um pouquinho: será que a autoajuda realmente ajuda?
As grandes revelações do estilo nada mais são que adaptações de pensamentos filosóficos e diretrizes da Psicologia, Antropologia e Sociologia, refeitos de forma rudimentar para atingir uma grande massa. Então, por que não beber direto na fonte? Certa vez, perambulava por entre as estantes de uma livraria e me deparei com títulos como Kafka para sobrecarregados e Nietzsche para estressados. E anotei a editora para jamais pôr um livro dela na minha mão. Tanto sobre Kafka (1883-1924) quanto Nietzsche (1844-1900), as duas obras de autoajuda não revelam nada sobre os autores e, ainda por cima, confundem quem nunca os leu.
Fórmulas mágicas
As fórmulas mágicas de saúde, beleza, riqueza e sucesso são fáceis de ser realizadas nas páginas de Augusto Cury (foto), Paulo Coelho ou Gustavo Cerbasi. E, na vida real? Uma das críticas mais interessantes ao gênero vem de Wendy Kaminer, escritora feminista, que afirma que a autoajuda acaba por afastar as pessoas de movimentos sociais, criando uma sociedade egoísta.