Essa semana a editora britânica Vintage Books divulgou as vendas ao redor do mundo da trilogia “Cinquenta tons de cinza”: 100 milhões de cópias. Se compararmos com outro best-seller, “O Código Da Vinci”, de Dan Brown, lançado em 2003, o livro de E. L. James vendeu mais que o dobro no mesmo período – três anos após o lançamento. Enquanto cada livro da série vendeu, em média, 33 milhões de unidades, o thriller norte-americano vendeu “apenas” 15 milhões.
Somente nos EUA 45 milhões de cópias evaporaram das livrarias, ou seja, um número gigantesco para os padrões editoriais ao redor do globo. No Brasil, as vendas da trilogia não ultrapassaram 1 milhão. Apesar do número “modesto”, James é considerada uma das responsáveis por manter o mercado aquecido no país.
Todo esse sucesso teve dois lados. A autora entrou para a lista da revista Forbes como a escritora mais bem paga do mundo, com uma fortuna estimada em 95 milhões de dólares, desbancando James Patterson, Danielle Steel e Stephen King. Em outro viés, as vendas de “Cinquenta tons de cinza” reduziram pela metade o lucro da editora Peguin – que conseguiu recuperar parte do prejuízo com o a autobiografia do cantor Morrissey.
Mas até que ponto esse número exorbitante dá à trilogia britânica um quê de qualidade? Um paralelo bem simples: quando o disco “Velvet Underground & Nico” saiu em 1966, pouquíssimas cópias foram comercializadas. Na época, o resultado negativo frustrou a trupe de Lou Reed (1942 – 2013), porém, pouco a pouco se percebeu que cada um dos ‘poucos’ compradores formou a sua banda. Quantos escritores E. L. James conseguiu formar?