Os mistérios que rondavam as metrópoles no começo do século passado e os medos dos cidadãos que se acostumavam à vida cosmopolita eram a principal matéria para criar um dos mais populares gêneros literários: a ficção de polpa. Criado para ser barato e fácil de ler, o estilo logo se transformou em uma coqueluche nos Estados Unidos e passou a ser reproduzido no mundo inteiro.

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Os livros e revistas de polpa eram fabricados com papel de baixa qualidade, feito a partir, justamente, da polpa das árvores e chegaram às bancas para substituir um outro estilo popular: o penny dreadful, que nada mais era do que histórias de terror e horror vendidas às classes trabalhadoras por um penny na Inglaterra, o equivalente a 10 centavos.

Ao contrário do seu predecessor, a ficção de polpa não envolvia seres mitológicos e horripilantes ou situações grotescas, mas sim crimes inimagináveis e assassinatos misteriosos. Muitos dos contos flutuavam entre a ficção científica e a literatura policial, criando enredos intrincados e cheios de reviravoltas. Foi justamente o sucesso do gênero literário – abordando temas como a espionagem, o submundo, a sensualidade e a fantasia – que criou um estilo dentro do cinema: o noir.

Sétima arte

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O cinema noir era, assim como a ficção de polpa, um gênero destinado às classes trabalhadoras, não era uma produção “cabeça” ou engajada e tinha como único intuito distrair seu público das preocupações do dia a dia. Como os filmes tinham baixo orçamento não existia uma preocupação estética requintada, logo a paleta de cor utilizada pelos diretores não tinha muitas variações entre o preto e o cinza. Noir significa, justamente, preto – em francês.

O Falcão maltês (1941), com Humphrey Bogart, foi inspirado em um romance de polpa escrito por Dashiell Hammett, 11 anos antes. O livro foi originalmente publicado na revista “Black mask”, uma das mais importantes do gênero. A presença da literatura de polpa no universo do noir é tão forte que o escritor Raymond Chandler, um dos azes do gênero, é também responsável pelo roteiro de diversos longas fundamentais para a história da sétima arte, entre eles A Dália azul (1946) e Pacto Sinistro (1951), sendo que este último foi dirigido por Alfred Hitchcock e inspirado em um texto de Patricia Highsmith.

Divulgação
A revista “Black mask” é uma das mais
importantes do gênero.
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Obviamente, é impossível não cita “Pulp fiction” (1994), de Quentin Tarantino, como um dos filmes com maior referência ao gênero.  O diretor, sempre lembrado por explorar a violência e a vingança, usou os temas básicos da ficção de polpa para criar seu filme, considerado um dos mais importantes de todos os tempos.

No Brasil

A presença da literatura de polpa em terras tupiniquins nunca foi avassaladora, no entanto, um de seus derivados possui um público cativo no país. As histórias em quadrinhos, em especial as de super-heróis, estão entre os produtos mais consumidos dentro do mundo literário, abrangendo todas as idades.

Apesar dessa resistência, a Não Editora possuiu um série de livros – que já conta com conta com cinco volumes – só com textos que exploram o gênero. Entre autores mais conhecidos, como Cardoso, Carol Bensimon e Carlos Orsi, a coleção explora o que de novo está sendo produzido no Brasil.

Atualmente, um dos maiores produtores de literatura de polpa é o colunista e jornalista do Paraná Online Edilson Pereira, que em 2012 publicou as séries “Tribuna da Verdade” e “Crimes da Paixão”, contando casos importantes do jornalismo policial paranaense.