Vaidade invicta

Em Porto Alegre, no 0x0 com o Grêmio, Santos foi o melhor em campo. Em Salvador, no 0x0 com o Bahia, também, Santos foi o melhor em campo. Santos é o goleiro do Atlético Paranaense. Quando o goleiro passa a ser o elemento decisivo para evitar a derrota de um time exaltado pelo jogo bonito, é sinal de que a beleza possa estar intervindo como um disfarce.

Contra o Grêmio, concordo: foi um jogo em que o Furacão propôs submeter-se à superioridade técnica do campeão da América, o que resultou em natural ter em Santos o seu sustento. Mas, ontem, na Fonte Nova contra o sofrível Bahia, o Furacão mostrou que as ideias pretensiosas do treinador Fernando Diniz nem sempre se conciliam com a restrição aos limites individuais do time.

E o detalhe mais relevante, e que provoca preocupação, é que o esquema para jogar bonito já não é mais novidade. Já se sabe que o Atlético de Diniz por ser vaidoso, nega-se a dar chutões ou jogar com bolas longas. Quase metódico em passes e em variações de funções para a ocupação de espaço, quer ser natural. Já descoberto esses elementos pretensiosos, está sendo marcado em seu campo. E é aí que começa a surgir o problema: se tem uma ideia prévia para sair dessa pressão (e presumo até que tenha), falta-lhe qualidade individual para executá-la. Lucho, parecendo saturado de bola, erra passes de cinco centímetros. Pavez e Carleto tem dificuldades de domínio.

Um pouco melhor no segundo tempo, o Furacão foi menos orgulhoso. Trocou a bola passada pela alongada, a paciência pela velocidade. Deixou de marcar com Guilherme, e viu uma bola de falta cobrada por Carleto ir à trave.

Não quero dizer que o Furacão jogou mal, embora fosse dominado no primeiro tempo. O que eu quero dizer é que jogou pouco, pelo que dele se fala e se espera.

A invencibilidade tem que ser considerada.

Mas é preciso que Diniz torne o Furacão menos previsível, com mais variações. No futebol, às vezes, em um chutão e um jogo tosco, quando se ganha, há beleza.

Futuro certo

O Paraná voltou a perder no Brasileirão. Agora, outra vez, na Vila para o fraco Sport: 2×1. Mais grave é que começa a se distanciar na lanterna. Tão grave quanto as limitações técnicas, é o efeito psicológico que provoca ser o último. Um time intranquilo, mas desde que tenha o mínimo de recursos e com no qual se acredita na sua liderança, em um dado momento pode reagir. Mas um time fraco, abalado emocionalmente, sem comando, tende a cair.

O Paraná perdeu para o Sport e não foi porque o treinador errou. Ao contrário, como havia ocorrido contra o Corinthians, o time foi até bem organizado. O problema é que o time contratado pelo presidente/interventor Leonardo Oliveira e por Pastana, é time de terceira, e que custa 1 milhão por mês.