Trapo vermelho e preto

O menino Alisson tem nove anos de idade. Como criança tem seus sonhos e ilusões. O seu sonho maior era bem simples: vestir a camisa do seu clube do coração menino e entrar em campo como mascote do time. Há alguns sentimentos que, às vezes, não se explicam. Eles simplesmente nascem, entram e cravam na gente para nunca mais saírem. Entre eles está o time do coração. O sentimento do menino Alisson é pelo Atlético. É tão profundo que se iguala à própria vontade de viver.

No domingo que passou, Alisson foi sorteado para ser um dos mascotes do Atlético. Entraria para o jogo com o Palmeiras de mão dada com um dos seus ídolos. Sonhava em ser conduzido por Weverton, mas o goleiro está servindo o Brasil. Então sonhava em ser conduzido por Walter, mas poderia ser qualquer outro, desde que fosse do time do seu coração.

Mas Alisson não sabia que a camisa do Atlético que vestia não era a do Atlético que iria entrar em campo. A sua camisa é aquela tecida com amor de um Atlético que existe como uma ilusão do romantismo que o ideal não deixa morrer. O menino Alisson vestia, portanto, um “trapo”. A camisa do Atlético que se exige é a “oficial”, cuja composição para se tecer só tem um elemento: o dinheiro. Há poucos exemplos de uma agressão tão violenta ao sentimento de uma criança como essa praticada pelo Atlético, pois sufocou-se o seu espírito.

É a violência à dignidade humana em estado bruto.

Final

O Brasil goleou os amadores de Honduras por seis a zero, e vai decidir a medalha de ouro com a Alemanha. Uma coisa é uma coisa outra coisa é outra coisa, dizem os caipiras do ABC paulista. Jogar contra a Alemanha em Olimpíadas é uma coisa e jogar contra a Alemanha na Copa do Mundo é outra coisa.

As diferenças na vida nunca são absolutas. No futebol, às vezes, a paixão do torcedor fazem com que elas desapareçam. Concordo que analisado o futebol sob o aspecto científico, são duas coisas absolutamente diferentes. Mas jogado no campo esportivo, não deixa de ser o Brasil reencontrando com a Alemanha depois dos 7×1.

Só o Brasil tem a perder nessa final. Perdendo, provocará o fantasma do Mineirão. Ganhando, será uma vitória em uma Olimpíada que é “outra coisa”.

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